segunda-feira, 7 de maio de 2012

A TESOURA


A TESOURA


No mais refinado papel
Entra como rasoura
Mais ligeira que corcel
Tudo corta uma tesoura

Também em finos tecidos
Tira moldes a preceito
Refinados nos sentidos
Sentidos com seus defeitos

Veste algumas ousadias
Damas senhores e crianças
Em ousadas sintonias
Em cortes com alianças

Se uma tesoura afiada
Deixa alguém na míngua
Com a escrita mutilada
Palavras sem terem língua

Penetra até numa festa
Sem ser D. Sebastião
Na festa faz o que presta
Como manda a tradição.

Corta tudo sem mortalha
A direito ou de viés
Mais voraz do que fornalha
Qu’ acende em bicos de pés

Se um corte é contrafeito
À luz d’ um caminho errado
Quem se trama é o sujeito
Em nome do predicado

São golpes que mendigam
Torturas que fazem frio
São pedras que nos atiram
E descosem sem ter brio

Sua excelência nas mãos
Faz obras-primas sonantes
Nas críticas são como irmãos
Em teares bem inconstantes.

ARIEH  NATSAC



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