A TESOURA
No mais refinado
papel
Entra como
rasoura
Mais ligeira que
corcel
Tudo corta uma
tesoura
Também em finos
tecidos
Tira moldes a
preceito
Refinados nos
sentidos
Sentidos com seus
defeitos
Veste algumas ousadias
Damas senhores e
crianças
Em ousadas sintonias
Em cortes com alianças
Se uma tesoura
afiada
Deixa alguém na
míngua
Com a escrita
mutilada
Palavras sem
terem língua
Penetra até numa
festa
Sem ser D.
Sebastião
Na festa faz o
que presta
Como manda a
tradição.
Corta tudo sem
mortalha
A direito ou de
viés
Mais voraz do que
fornalha
Qu’ acende em
bicos de pés
Se um corte é
contrafeito
À luz d’ um
caminho errado
Quem se trama é o
sujeito
Em nome do
predicado
São golpes que
mendigam
Torturas que
fazem frio
São pedras que
nos atiram
E descosem sem
ter brio
Sua excelência
nas mãos
Faz obras-primas
sonantes
Nas críticas são
como irmãos
Em teares bem
inconstantes.
ARIEH NATSAC
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