domingo, 7 de outubro de 2012

CIDADE LIZ

CIDADE LIZ…


Entre o Lena e o Lis
Foi fortificada raiz
Collipo aqui se instalou
Siderado co’a paisagem
Prestou-lhe vassalagem
E no seu castelo morou


Espraia-se até ao mar
Por isso soube encantar
Os povos que lá moraram
Teve moiras encantadas
Nas ameias encerradas
Aos quatro ventos gritaram


As delicias que perdiam
Os desejos que sentiam
Deste cantinho romântico
Até que tudo mudou
Nosso rei a conquistou
Soou um novo cântico


Tornou-se ainda mais bela
Abriu-se nova janela
Com um frondoso pinhal
Leiria foi caravela
Doeu-se como donzela
E alargou Portugal


A sua cultura é tanta
Aqui viveu uma santa
                               Que transformou pão em rosas
Padre Amaro fez história
A sua fé é notória
Em suas igrejas famosas.
.

ARIEH  NATSAC

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

LISBOA SEGURA


LISBOA SEGURA



Foste um porto bem seguro
Recebeste mareantes
Sempre a pensar no futuro
Foram tão grandes os juros
Vindos de outros quadrantes


Abriste as portas ao mundo
Sempre gentil e cortês
Foste um império no mundo
Nas descobertas fecundo
O bom nome Português


Eras cortejada pelo Tejo
Defendia-te dos intrusos
Foram tantos de sobejo
Mas mantiveste o desejo
De ter princípios Lusos.




ARIEH  NATSAC

domingo, 30 de setembro de 2012

SOMOS PETINGA SEM ROSTO

 


SOMOS PETINGA SEM GOSTO




À beira-mar conturbado
Andamos em convulsões
Somos farnel devorado
Neste país amargurado
Deste mar de tubarões


Somos petinga sem gosto
Andamos sempre à rabia
Mesmo com grande desgosto
Quando nos marcam o rosto
Com tempestades de azia


Sob castelos de nuvens
Envolto em mar revoltoso
Olhamo-nos com desdém
Implorando nossos améns
Num clima bem manhoso.




ARIEH  NATSAC

PELE

 


PELE….



Corpos cobertos de pele
Uns ásperos outros macios
Por vezes sabem a mel
Fazendo da vida rapel
Sinuosos como rios


Na pelica duma hora
Fina…pele de batata
Almoça-se sem demora
E toda a gente a devora
Até que a pele se abata


Uma pele que é bem curtida
Junto a um corpete de lã
Também ela é bem parida
Até mesmo consumida
Numa gola de astracã


A pele nos acompanha
Cobre até esqueletos
Com uma dor tamanha
Na nossa mente se entranha
Que nos deixa inquietos


A pele também tem dores
Em origens bem diferentes
Não importa suas cores
Também sofrem por amores
Mesmo sendo padecentes


E se a vida é uma peleja
Até à hora da morte
A pele bem se corteja
A pele cresce e sobeja
Lamentando a sua sorte.



ARIEH  NATSAC

QUE FIARADA



QUE FIARADA….


Estou preso por um fio

Mas meu tempo desafio

P’ra nele me desafiar

Sempre que for desafiado

Não vou ficar desatinado

P’ra me poder controlar


Com um fio de telefone

Não preciso megafone

Nem quero ser desconfiado

Há tanto fio num tear

Para se fiar até fartar

Se o fio não for macerado


E numa conversa fiada

De palavra enrolada

Sempre com fio bem cortante

Jorra fio de água corrente

Rega o fio na vertente

E dá-se fio por amante.


ARIEH  NATSAC

LISBOA É UM JARDIM

 


LISBOA É UM JARDIM



Passo em becos e vielas

Tenho cravo nas janelas

Manjericos ao luar

Sardinheiras bem formosas

Também tem botões de rosa

Perfume de cada lar



Lisboa é o meu jardim

Cheira a goivos e jasmim

Num canteiro sobre o mar

Um encanto a gente vê-la

Num abraço recebê-la

Como noiva no altar



Sempre muito radiante

Atira sorrisos de amante

Em pétalas orvalhadas

Cheira a sol e maresia

Ramalhete de alegria

Pelas ruas espalhadas.




ARIEH  NATSAC

domingo, 23 de setembro de 2012

BACALHAU PARA TODOS OS GOSTOS




BACALHAU PARA TODOS OS GOSTOS…



Quando me cruzo contigo
Mesmo com cara de mau
Pois se fores meu amigo
Dou-te um grande bacalhau


Sem ser com caras do mesmo
Ou de línguas afiadas
Comem-se petiscos a esmo
Numas boas patuscadas


Pataniscas com feijão
Ou mesmo sendo albardado
Faz-se sempre um figurão
Com este fiel afamado


Há quem vá na caldeirada
E também no fragateira
Sempre bem condimentada
Ou também à lagareira


Com umas batatas a murro
Cozido e bem regado
Mesmo que sejas casmurro
Ele é sempre bom aliado


Faz-se de mil maneiras
Por isso Maria aprovêta
Sem teres grandes canseiras
Faz-me uma boa pun…
                                                   (porção de coisas).


ARIEH  NATSAC

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

TEUS OLHOS SÃO ANDORINHAS

 


TEUS OLHOS SÃO ANDORINHAS




Teus olhos são andorinhas

Que nos meus vêem poisar

Dizem coisas bem certinhas

Com muito poucas letrinhas

Que eu sei descodificar



Andam sempre em rodopio

Dão-me voltas à cabeça

Se a inspiração me fugiu

Eu procuro ser o rio

Que p’ra ti corre depressa



Fazes ninho nos meus braços

Com desejo e emoção

Aqueço-te com abraços

Mesmo nos dias madraços

Quero sentir teu coração.



ARIEH  NATSAC

sábado, 15 de setembro de 2012

MINHA CRUZ




MINHA CRUZ


Dizem que sou criativo
Até um pouco humorista
Não posso estar inactivo
No meio desta salada mista


Tenho uma vida difícil
Contorno os obstáculos
De uma maneira hábil
Mas preso em seus tentáculos


Os dias são bem cruéis
Bem negros cor de carvão
Pinceladas sem pincéis
Que me ofuscam a razão


Mesmo assim faço rima
Consoante o seu tamanho
A vida também me ensina
A ver a força que tenho


Aqui pregado na cruz
Suportando este calvário
Pareço frade sem capuz
Co’as contas do rosário


Mas que mal fiz eu a Deus
Não merecia esta sorte
Vou implorando aos céus
Mas nunca peço a morte.



ARIEH  NATSAC

HÁ CÃES E CÃES


 


HÁ CÃES E CÃES


Hoje tive um dia de cão
Armei-me em cão com pulgas
Não foi aquilo que julgas
Pois estava num dia não


Parecia cão de guarda
Quis resolver a questão
Mas se estava em dia não
Logo me veio a mostarda


Ao ver tanto cão vadio
A gozar sem fazer nada
Não bati em retirada
Pois dali ninguém fugiu


Apareceu um cão de água
Com cabelo às três pancadas
Co’ umas meninas mimadas
Metiam dó tanta magoa


A comer grande cachorro
Acabara de ferrar o cão
E sem ter arma com cão
Aos saltos parecia Zorro


Grande cão gritou alguém
Vai-te já daqui embora
Não nos ponhas mais à nora
Deixa as saiinhas da mãe


Este grande cão de fila
Que às vezes ferra o dente
De uma maneira diferente
Só muita raiva destila.


ARIEH  NATSAC

OS COPOS

 


OS COPOS


Se chega o fim-de-semana

Logo uma sensação emana

Vamos todos para os copos

É vê-los em desvario

Esteja calor ou com frio

Actuam como uns loucos


Os copos são bem diversos

Alegram os nossos versos

Os de cristais ou cachaça

Depende da ocasião

E depois de um bom pifão

Os copos perdem a graça


Há também copos de espada

Que não implicam na estrada

Pois até servem o desporto

São uns copos silenciosos

Em espadachins famosos

Mas que te podem pôr morto.



ARIEH  NATSAC

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O BILHETE



O BILHETE…



Não há identidade sem bilhete

Não há mesquita sem minarete

Não há passeio sem o tirar

E sem bilhete não podes passar

Levas um bilhete…se desatinas

Com falta dele não entras no nimas

Com ele também pagas a portagem

No miradoiro p’ra veres a paisagem

Se vais ao museu vão te pedir

Se o não tiveres não podes mentir

Se fores de viagem até fica mal

Não comprares um bilhete-postal

Tens pouca sorte andas azarado

Compra um bilhete mas premiado

Manda-se um bilhete bem perfumado

Num ramo de rosas bem arranjado

Estes meus versos não são barrete

Se não gostares não me passes bilhete.


ARIEH  NATSAC