sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

JULHO…DE CESAR



JULHO…DE CESAR


Mês quente e de repente tudo muda
É César que conserva sua origem
Na memória há história que o aluda
Já há tanto, que causa até vertigem


Tem acontecimentos a marcar
Que estão no calendário dos países
A Bastilha entre tantos foi pilar
Deixando suas gentes bem felizes


É um mês de importantes descobertas
Que esta verdade seja nua e crua
Ficaram tantas bocas muito abertas


Ao darem para o mundo tais momentos
Vendo o homem passar da terra à lua
E explorá-la com muitos sofrimentos.


ARIEH  NATSAC

FAZ-TE À VIDA



FAZ-TE À VIDA


Lá vem a madrugada presumida,
Da noite – novo dia se adivinha –
E quando ainda a gente mal gatinha
Já dá ordem, malandro, faz-te à vida


Justamente p’la forma proferida
Salto do ninho tal como andorinha
Esqueço-me que a noite já foi minha
Contudo a sua sombra foi banida


Mas oh, como a luz é bem diferente
E desse escuro a noite fez-se ausente
Raiou o sol com todo o esplendor


O éter bem veloz se iluminou
O sereno co’a gente se fartou
E foram muitas horas sem alvor.



ARIEH  NATSAC






FANTASIAS



FANTASIAS…



Soberba a fantasia que desponta
Na batida sublime e realista
Dum pobre coração que s’amedronta
Quando a mente cansada se despista


Agora sigo os passos sem destino
Julgando-me acordado sem maldade
Só me conduz verdade em desatino
Do tempo esse arquiteto sem idade


De alvorada fui raio que queimou
Do teu corpo a fogueira, que saltou
Pensamento veloz que conseguiu


Libertar-se em palavras atrevidas
Podendo provocar algumas f''ridas
Que um coração não diga, mas sentiu.




ARIEH  NATSAC

ENCOSTOS DA PAIXÃO



ENCOSTOS DA PAIXÃO


Entre tantas fogueiras arde o chão
Com o sol com a lua – são cascóis –
Surge uma nuvem branca doutros sóis
Em busca do desejo e sedução


Travesseiros ligados à paixão
Envoltos de alva espuma de lençóis
Onde chispam uns olhos quais faróis
Tão sedentos de enredo e explosão


Destapam-se os sentidos camuflados
Em horizontes loucos desbravados
Buscando a queima já de alta tensão


Na mistura de corpos em desnorte
Entrando em raias sem fazerem corte
Forte cheiro epidérmico, ovação.


ARIEH  NATSAC



quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

ARY DOS SANTOS…




ARY DOS SANTOS…


Foi poeta de força – e grande garra –
Lutando sempre contra a ditadura
Clareou com palavras noite escura
Com seu génio sem medo – sem ter barra –

Libertou o silêncio dessa amarra
Vozes dos oprimidos – a candura –
Presos à condição contra natura
Onde a luta de heróis aí se esbarra

Não se considerou poeta castrado
Foi um publicitário afamado
Co’a morte seu talento não sumiu

Canções de festivais foram as setas
Certeiras que atingiram nossas metas
De um cravo que de Abril em nós floriu.



ARIEH  NATSAC

DIABO CONTRA O PODER…



DIABO CONTRA O PODER…



Para alguns sua escrita controversa
Tornou-se mais feroz que mordedura
Libertou inocentes da tortura
Da lei que nos impunham – tão perversa –

Ary dos Santos foi a força adversa
Com a palavra livre que a censura
Ao tempo p’ro regime era bravura
Não querendo a verdade já dispersa

Quer nos campos nas fábricas perdura
Seu mote nas palavras em conversa
De forma tão discreta ali perfura

Rude torre que doutra forma inversa
Contra os disparos feitos armadura
Não calam a palavra tão diversa.



ARIEH  NATSAC

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

SEMPRE MAIS ALTO



Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens. Morder como quem beija
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do reino de aquém e de além dor


FLORBELA ESPANCA



SEMPRE MAIS ALTO


Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que tudo. Conforme o que se pensa
É querer dar mais sem ter recompensa
Espraiando se em mundo bem melhor

Do que os homens. Morder como quem beija
As palavras que vai dignificando
O desejo de ver glorificando
E poder dizer sempre o que deseja

É ser mendigo e dar como quem seja
A benção que lhe toma e nem sobeja
Na alvorada que faz do seu rimar

Rei do reino de aquém e de além dor
Que luta em busca sem se descompor
No mais alto sentido que quer dar.


ARIEH  NATSAC



PARTISTE



Alma minha gentil que te partiste
Tão cedo desta vida descontente
Repousa lá no céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

CAMÕES

PARTISTE

Alma minha gentil que te partiste
Meu coração deixaste amargurado
E quando acorda o vento escuto um fado
Dizendo-me que já nada subsiste

Tão cedo desta vida descontente,

Foste despedaçada e também triste

Tudo que deixaste em mim destruiste

Só a tua imagem é presente

 

Repousa lá no céu eternamente

Que aqui neste cantinho descontente

Vou dizendo as palavras que deixaste

 

E viva eu cá na terra sempre triste

Lembrando o que foi tudo e nada existe

E só o desespero me entregaste.

 

 

ARIEH  NATSAC

 

 

 

 


ENCANTAMENTO



Soneto de amor

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

JOSÉ REGIO


NÃO ME PEÇAS PALAVRAS


Não me peças palavras, nem baladas,
Que o teu falar já não me diz amor
Canto apenas somente desamor
Que pelo vento as mesmas são levadas

Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
P’ra sentir maciez da tua pele
Que me adoçava minha boca de mel
Como acha de fogueira que incendeio

Deixa cair as pálpebras pesadas,
No esplendor dessas cálidas madrugadas
Rompidas sem saber que horas eram

E entre os seios me apertes sem receio
Entretanto passara o dia a meio
E tantas travessuras se fizeram.

ARIEH  NATSAC



NÃO ME PEÇAS PALAVRAS



Soneto de amor

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

JOSÉ REGIO


NÃO ME PEÇAS PALAVRAS


Não me peças palavras, nem baladas,
Que o teu falar já não me diz amor
Canto apenas somente desamor
Que pelo vento as mesmas são levadas

Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio,
P’ra sentir maciez da tua pele
Que me adoçava minha boca de mel
Como acha de fogueira que incendeio

Deixa cair as pálpebras pesadas,
No esplendor dessas cálidas madrugadas
Rompidas sem saber que horas eram

E entre os seios me apertes sem receio
Entretanto passara o dia a meio
E tantas travessuras se fizeram.

ARIEH  NATSAC



VULTOS PERDIDOS



TERNURA

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

DAVID MOURÃO FERREIRA



VULTOS PERDIDOS

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Reflexos de uma noite em desvario
E nem temperatura de algum frio
Liberta nosso encanto – que verdade –

Há restos de ternura pelo meio,
Leveza de um desejo tão ardente
E tudo o mais se torna incandescente
Levando em teu calor um tal recheio

Como vultos perdidos na cidade
Sem terem dia hora nem idade
Mas que exalam um cheiro a maresia

Onde uma tempestade sobreveio…
Entre lençóis escondem bruto anseio
Impulso da loucura que te cobria.


ARIEH  NATSAC

PREGAR NO DESERTO



GLOSANDO UMA QUADRA DE ANTERO DE QUENTAL

Três cavaleiros seguem lentamente
Por uma estrada erma e pedregosa.
Geme o vento na selva rumorosa,
Cai a noite do céu, pesadamente.

ANTERO DE QUENTAL

PREGAR NO DESERTO

Três cavaleiros seguem lentamente
Vão procurar o nada que é tão longe
Com olhar circunspecto como monge
A pregar no deserto veemente

Por uma estrada erma e pedregosa
Como as horas minutos desta vida
Que de ruim também é tão fingida
Como de heróica passa a ser chorosa


Geme o vento na selva rumorosa

Agreste até sacode doce rosa

Que ao vento voa rumo ao infinito


Cai a noite do céu pesadamente

E já nem o luar secretamente

Leva os três cavaleiros que hoje cito.


ARIEH  NATSAC

TEMPO ANTIGO



Velhas Árvores

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

OLAVO BILAC


TEMPO ANTIGO

Olha estas velhas árvores, mais belas
Que lindas são as folhas com as flores
Que dão à natureza os esplendores
E se abrem sobre o mundo em aguarelas

Do que as árvores novas mais amigas
Dão sombras mais fechadas aos pardais
Refrescam do calor sóis estiais
Abrigando alguns velhos e as intrigas

Tanto mais belas quanto mais antigas,
Passaram no seu tempo as raparigas
Que a idade é tão injusta e molesta

Vencedoras da idade e das procelas...
Estragadas p’la fúria das mazelas
E agora só nos resta o que não presta.


ARIEH  NATSAC

INVENÇÃO



DO SONETO MAL AMAR


Invento-te    recordo-te   distorço
a tua imagem mal e bem amada
sou apenas a forja em que me forço
a fazer das palavras tudo ou nada.

ARY DOS SANTOS


INVENÇÃO


Invento-te    recordo-te   distorço
E far-te-ei à minha semelhança
Com todo o pundonor e confiança
Assim marcada à prova do meu esforço

A tua imagem mal e bem amada
Será sempre aquela que aprouver
Mesmo que venha lá quem o disser
Que a fundura da alma é mal formada

Sou apenas a forja em que me forço
A força do metal e não me torço
Pelas tão duras criticas que fazes

Sendo mesmo inventada como quero
Do meu calor nasceu o teu tempero
Onde as minhas façanhas são audazes.


ARIEH  NATSAC