sexta-feira, 29 de junho de 2012

O PAÍS QUE NOS DERAM


O PAÍS QUE NOS DERAM


Encontrei um país
Sob uma ditadura
Estava tão negro
Como noite escura

Fiz-me um homem nele
De boca bem fechada
Mandaram-me p’ra longe
Sem me dizerem nada

Mas tudo isto mudou
Fiquei tão radiante
Num dia especial
E muito delirante

O povo disse estou
Com a democracia
Pensou que iria ser
Sempre grande folia

Depressa se enganou
Com essas artimanhas
Duns falsos pregadores
Autênticas piranhas

Não há democracia
Apenas um deserto
O povo andava cego
Deixou de estar liberto.

ARIEH  NATSAC

quinta-feira, 28 de junho de 2012

HINO A PORTUGAL


HINO A PORTUGAL

Um sonho bonito
Vamos acordar
Fiquei aflito
Por não ganhar
Faltou-nos a sorte
P'ra seguir em frente
No grupo da morte
Dissemos presente

Portugal
Portugal
Portugal é o maior
Portugal
Portugal
Portugal está orgulhoso
Portugal
Portugal
Portugal teve rigor
Portugal
Portugal
Portugal foi poderoso

Cristiano Ronaldo
Ou mesmo o Nani
Suaram as camisolas deram todos de si
Pepe foi Português grande coração
Apesar do revês
Patrício um leão.

ARIEH  NATSAC

terça-feira, 26 de junho de 2012

VERÃO...VERÃO


VERÃO…VERÃO




Verão das praias escaldantes
Verão das odes amorosas
Verão dos casais debutantes
Verão das sardinhas gulosas


Verão da calma dos políticos
Verão sem bola grande lazer
Verão sem estudos analíticos
Verão que nos vai acontecer.


ARIEH  NATSAC

BOA COZINHA


BOA COZINHA


Se na mesa estou sentado
Com vontade de manjar
Uso sempre guardanapo
P’ra eu nunca me sujar

Sou bom garfo a comer
Não importa a cozinha
Mesmo sem me apetecer
Prefiro qualquer franguinha

Bem tenrinha apetitosa
E fácil de depenar
Em churrasco bem gostosa
Bem melhor que caviar

Gosto é de um bom coelho
Pode ser à caçador
Mas também dou um conselho
Esfolem-no com amor


Às vezes de aperitivo
Prefiro bom berbigão
Mesmo sem um digestivo
Pode comer-se à mão

Um linguado agitado
Uma solha temperada
Faz-me sentir confortado
Não findando em caldeirada

Há pratos gastronómicos
Que nem de borla tu davas
Por serem económicos
No fim saem-te as favas.


ARIEH  NATSAC

ACRÓSTICO - DEMOCRACIA


ACRÓSTICO



DEMOCRACIA



D  evem estar todos tarados
E  sses intelectuais
M  andava-os todos p’ró diabo
O  meu desprezo nada mais
C  racia quer dizer governo
R  etenho outro modo alterno
A  gora pensem um bocado
C  om o demo no principio
I   sto mais parece hospício
A  i governo do diabo.


ARIEH  NATSAC

quinta-feira, 21 de junho de 2012

MINHA REVOLTA


MINHA REVOLTA



Hoje sinto-me revoltado
E com uma certa razão
Vivo num país santificado
P’los valores da podridão

Falam tanto de criancinhas
Dos velhos dos sem abrigo
Sentem deles tantas peninhas
Por favor não brinquem comigo

Lares pagos a preço doiro
Creches pagam-se ao mesmo preço
Agulhas espetam-me o coiro
Como pedras de arremesso

Maldito país que nós temos
Governantes quais fariseus
Ainda pedem que votemos!
Tende piedade meu Deus

Levam-nos coiro e cabelo
Querem-nos ver na míngua
Meu ímpeto não vão sustê-lo
P’ra isso cortem-me a língua

Com esta grande maldição
Podem nos até tirar o sol
Mas de comparticipação
Iludam-nos com mais foot-ball.


ARIEH  NATSAC

VIAGEM AO MUNDO A SORRIR


VIAGEM AO MUNDO A SORRIR….



Saio da linha de Cascais
Passo por Caxias, Santos e Belém
Sem ser do Pará
E eu não paro
Nem tão pouco uso avião
Nem outros tais…
Mas vou directo à suíça
E tomo o café da manhã
Com alguma preguiça
Continuo a viagem
Sem muito afã
Até uma Praça do Chile
Que é bem nossa
A viagem é rápida
E outra em Londres
Tem praça
É do baril
Estados Unidos é mais além
E se estou a ficar tarado
Ando mais um pouco
E no Brasil fica a Avenida
Que me acolhe
Se estou louco
Mais perto fica Paris
Mas não tem a torre Eiffel
E depois deste aranzel
Posso também circular
E a Berna vou parar
Ou mesmo até Espanha
Com graça
E tudo com ar de chalaça
Pois mesmo sem ver o Papa
Posso ir também a Roma
Na sua avenida longa.
E como é curioso
A volta ao mundo
Eu dei…
Tudo feito num segundo
De maneira divertida
Mas eu compenetrado
Consigo num dia 
Mesmo sem grande folia
Ver tudo…
Por isso eu argumento
Vá para fora
Cá dentro…

                                                  Que grande maluco.


                                                                          ARIEH  NATSAC

quarta-feira, 20 de junho de 2012

PROFECIAS


PROFECIAS


Diz a lua rindo a mentir
Coisas que não se entendem
Será que o mundo vai ruir
Ou são marés que se estendem?


Na filosofia que é barata
Em que todos somos heróis
Quando o sol pensar que é prata
Talvez mudem também os sóis


Se o dia mudar trajectória
E a hora for virtual
Passa como irrisória
A história intemporal


E num ano que se deseja
Alegre no planeta farra
Talvez o mundo se reveja
No profeta que foi Bandarra.

ARIEH  NATSAC

segunda-feira, 18 de junho de 2012

MIRAGEM NA AVENIDA


MIRAGEM NA AVENIDA…


Numa mesa de esplanada
Junto da rapaziada
Faço um aceno ao criado

P'ra me trazer a receita
P’ra uma digestão bem feita
Uma bica e um bagaço

Enquanto o café não vinha
Eu lançava a vista minha
Por tudo que ali passava

Eram tão belas as cenas
Um desfile de pequenas
Que o meu olhar trespassava

É na avenida de Roma
Onde o ar tem outro aroma
Com tais manequins volantes

Que as suas vestes garridas
Às vezes muito atrevidas
Nos deixam ficar delirantes

Quando o meu café chegou
Meu olhar se desviou
De tão formoso desfile

Ficou só em mim o calor
Trazido num doce ardor
De um sol primaveril

Mas o tempo tudo leva
Minha retina conserva
Este filme inesquecível

Do que na rua passou
Com um café s’esfumou
Numa miragem incrível

Mas no fim para remate
Um bagaço é xeque-mate
Neste cenário tão belo

Ficam lindas silhuetas
Como sonho de poetas
Caindo como castelo.


ARIEH  NATSAC

SONHO DE LISBOA


SONHO DE LISBOA



Quis Deus que fosses bendita
Cada bairro tem um santo
Graça por seres bonita
Correndo em ti um encanto


Junto ao Terreiro do Paço
Passas dias a descobrir
No cais recebes abraço
Dum rio que canta a sorrir


Saudade vais navegando
Vê a Bica doutras marés
Dessa gente trabalhando
Mostra bem o que tu és


Em varanda há desenho
Dum poeta ou pintor
E num murmúrio de antanho
Despertas com mais fulgor


Amor louco e ardente
Passeia no Bairro Alto
Nele espalhas a semente
Das musas como um arauto.



                                                                              ARIEH  NATSAC

DESCARGA PSICOLOGICA


DESCARGA PSICOLÓGICA




Aqui onde me encontro sentado
Penso no dia que vai acabar
Viro mais uma folha do meu fado
P'ra o meu espírito se libertar


Aqui onde me encontro inundado
De alguns pensamentos sem cessar
Vou escrevendo versos apavorado
Procurando neles me encontrar


Daquelas refleções a curto prazo
Recebo seus juros sem atraso
Sem compensação ou subsidio


Por isso aqui sentado medito
E nas custas do tempo me fito
Revejo-me como se fosse em vídeo.


                                                                      ARIEH NATSAC

ROSA SEM PERFUME


ROSA SEM PERFUME


Procurei certa roseira
Para colher seu perfume
Mas foi tal a bebedeira
Que só senti azedume

Quando m’ataca a secura
Meus lábios...aves voando
Que mesmo na noite escura
Procuram oásis cantando

Se o vento não tem cuidado
Derruba até o mais forte
Soprando de qualquer lado
Deixa-nos mesmo sem norte

Nem sempre à esquina da rua
Vejo mulher ao luar
Que a minha vista vê nua
Com roupas para tirar

Vi uma rosa sem alento
No chão já desfolhada
Rolando ao sabor do vento
E com a lama amassada

Essa rosa sem roseira
Já sem jardim tresloucada
Anda sem eira nem beira
Batendo em porta errada

Com uma venda nos olhos
Caminha sem passo certo
Com uma venda nos olhos
Cai no abismo mais perto.

                                                                                         ARIEH NATSAC

EU CANTO A MINHA CIDADE


EU CANTO A MINHA CIDADE




Eu canto a minha cidade
Com o peito bem aberto
Num grito de liberdade
Neste poema liberto


Vejo nas ruas o povo
Vejo o sol a brilhar
Sinto-lhe um desejo novo
No fogo do teu olhar


Vejo gaivotas no mar
Vejo crianças nas ruas
Oiço vozes a contar
Desditas que são as suas


A minha cidade é gente
É força e tem beleza
Seu fado agora é dif'rente
Mas não perdeu singeleza


Há história em cada esquina
Que diga o velho castelo
Que a todos nos ensina
Sem ser preciso dizê-lo


Eu canto a minha cidade
Na minha voz altaneira
Canto-a com mais verdade
Faço-a minha bandeira.


                                                                                   ARIEH  NATSAC

LISBOA MATREIRA


LISBOA MATREIRA

Como uma criança loura
Nascida em família moura
Cresceu e fez-se mulher
Arisca mas sempre bela
Metendo sempre a colher
Jogando com as palavras
Sinuosas como bravatas
Sorrindo num malmequer

Quando há festas ou não
Cochicha em cada janela
Azougada tagarela
P'ra fugir à solidão
Metendo-se com quem passa
Ronrona o gato vadio
O pombo arrolhando ao frio
O que lhe dá tanta graça

Há cravos e sardinheiras
Varandas bisbilhoteiras
Que dão sempre fé de tudo
E servem-lhes de escudo
Pela calada da noite
P'ra namorarem o Tejo
Na brisa manda-lhe um beijo
Suave como veludo

Falam de frente as vizinhas
Da sua e da vida alheia
Numa linguagem tão feia
Que lhes dá certo encanto
Os homens que vêm do mar
Com voz rouca de mar'sia
Falam com tanta alegria
Nada os consegue amainar.

ARIEH NATSAC

OLHÓ CASTELO


OLHA O CASTELO…


Lá sobre as sete colinas
Nas ameias do castelo
Vêm à noite meninas
O seu Tejo namorá-lo


Debruçam-se com tal afecto
No murmúrio de um beijo
Nasce um amor tão secreto
Que o povo sente o desejo.


Suas muralhas são braços
Que em noites de lua cheia
Vem tecer nesta plebeia
Desenhos de finos traços


E foi o nosso primeiro
Que por ela se enamorou
E intrusos expulsou
Com um grupo de guerreiros.


No Castelo fez-se história
E quem por lá hoje passa
Relembra essa vitória
Num feito da populaça.


E o velho casario
Chora com muita saudade
Vão nas águas do rio
Lágrimas da eternidade.



ARIEH NATSAC

OLHA A GRAÇA QUE ELA TEM


OLHA A GRAÇA QUE ELA TEM





Quando passo à tardinha
Passa o tempo sorrateiro
Ao descer uma escadinha
Vejo um bairro prazenteiro


Tem a Graça que ela tem
Vista de cada janela
É Lisboa que aí vem
E não me canso de vê-la


Nos seus becos ou travessas
Tem chafarizes a pingar
De pedra... a sede cessas
E também fazes promessas
Da sede ir ali matar

Tem varandas bem floridas
Esquina tem lampião.
Meninas feitas garinas
Muito frescas e ladinas
Procuram seu coração


E nas águas-furtadas
Onde tudo é diferente
Vê-se no Tejo as fragatas
Sustento de muita gente


É a Graça que cá mora
Guardada em seu tesoiro,
A São Vicente implora
Do seu belo miradoiro.



ARIEH  NATSAC

domingo, 17 de junho de 2012

LISBOA MADRINHA


LISBOA MADRINHA




Lisboa és nossa rainha
De um povo sem igual
Do Tejo és a madrinha
E noiva de Portugal

Tens Alfama a teus pés
Mouraria no teu olhar
Sorris no Cais Sodré
Ao ver marujos passar

Ao Tejo mandas abraços
Afaga-lo meigamente
Acolhe-lo no regaço
Como um lindo presente

Quando acordas sorrindo
Como flor desabrochando
Teu coração vai pulsando
No Rossio se vai abrindo
Passas alegre ligeira
Com tua voz forte e rouca
Com um sorriso na boca
Há uma maldade brejeira

Olhas-nos lá bem do alto
Ajoelhas no horizonte
Teu aliado Bairro Alto
Reza ali mesmo de fronte

De crucifixo na rua
Mostras que sabes rezar
E mesmo que a luz da lua
De noite te venha ofuscar

Num fado lento e triste
Vens nos trazer à memória
Porque a ti ninguém resiste
Ao ouvir a tua história.



                                                                                                  ARIEH NATSAC