domingo, 30 de novembro de 2014

NO RETALHO DA SAUDADE



NO RETALHO DA SAUDADE


No retalho da saudade
As lágrimas que bebeste
Fruto da leviandade
Ou contraste da idade
Do mundo por onde andaste


Olhos de menino triste
Que em adulto se formou
Tempestade que subsiste
Que na vida repartiste
E num pedaço ficou


São olhos que não abriste
Um cravo que se acabou
Ao tempo ainda resiste
No lugar que conseguiste
Bandeira que desfraldou



Foi um mundo noutro mundo
Onde o destino aguenta
Mas pode ir num segundo
Perder-se lá bem no fundo
Onde a raiva se fermenta





ARIEH  NATSAC




NATAL FINGIDO



NATAL FINGIDO


O mundo pensa tão pouco
Devia pensar bem mais
Neste dia anda louco
Deixa de andar tudo ao soco
Fica-se alegre de mais


Esquecem-se até tristezas
Vai-se embora o vendaval
Apresentam-se faustas mesas
Iguarias que riquezas
Nessa noite de Natal


Brincam sem sono crianças
Na espera de seus presentes
De pais de fracas finanças
Amparados de esperanças
Como se fossem videntes.


ARIEH  NATSAC

sábado, 29 de novembro de 2014

NATAL SOMBRIO



NATAL SOMBRIO



Hoje sinto-me tão frio
Comigo vive a solidão
O tempo está tão sombrio
No caminho vai um rio
Lembrando a ocasião


Tempo de contemplação
Claridade sem igual
Onde o amor a paixão
Ateiam o coração
Nesta época é Natal


Há risos gargalhadas
É grande a euforia
Champanhe mais rabanadas
Nesta noite devoradas
Para mim sem alegria.



ARIEH  NATSAC


SÓ VOU DE MIM DEPENDER



SÓ VOU DE MIM DEPENDER


Sou nó que não desata
Na encruzilhada da vida
Sou um carrossel de lata
Numa hora tão sofrida


Sou o copo de cerveja
Que se derrama no chão
E a dor que assim me chama
Passa a ser meu irmão

Numa cadeira deserta
As linhas das mãos vazias
Vejo horas tão incertas
Nas noites sem serem dias


E mesmo que a dor me doa
E se esvaia como fumo
Sei que o pensar não perdoa
Meu delírio sem rumo


Só vou de mim depender
Sem pintar tela bem viva
Para o mundo perceber
Que à solidão não se esquiva.



ARIEH  NATSAC

ABRAÇO À NOITE A LUA



ABRAÇO À NOITE A LUA


Eu sinto-me em liberdade
Num canto da minha rua
Quando passo a qualquer hora
E abraço à noite a lua

Sou o passo que ressoa
Entre as paredes do vento
Sou o gesto que perdoa
A fúria do tormento

Quem me dera que a saudade
Fosse para longe distante
E se juntasse à idade
Como um perfeito amante

Seria perfeita a cena
Num mirante ao luar
E a magoa mais amena
Num poema a transbordar

Engrossavam-se as palavras
Em oceanos de luz
Mesmo nas horas amargas
Num coral a contraluz

Toldado por um sinal
Que abrigasse o coração
E nos causa tanto mal
Às vezes de perdição.



ARIEH  NATSAC

terça-feira, 25 de novembro de 2014

EU TENHO DOIS AMORES

EU TENHO DOIS AMORES


Eu tenho dois amores
Disso já ninguém duvida
Um está nos papéis
Mas o outro dá-me a vida
Eles são bem diferentes
Ambos me fazem tão bem
Um está dentro do peito
Não o troco por ninguém

Um é de origem Sueca
Tem a forma de uma pilha
Leva-me a Ceca e Meca
Sinto-me uma maravilha

O outro se desacata
Eu tenho que o convencer
Porque se aquele se aparta
Eu sou capaz de morrer

Eu tenho dois amores
Disso já ninguém duvida
Um está nos papéis
Mas o outro dá-me a vida
Eles são bem diferentes
Ambos me fazem tão bem
Um está dentro do peito
Não o troco por ninguém

A Sueca faz-me jeito
Eu tendo a outra na cama
Com os dois eu me ajeito
É meu coração que os chama

Mas como não tenho medo
Vai ser um grande prazer
Contar-vos o meu degredo
Vai durar até morrer.


ARIEH  NATSAC

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

NÃO SEI SE SERIA CAPAZ



NÃO SEI SE SERIA CAPAZ


Tenho pena do que perdi
Nesse lindo mês de Agosto
São as saudades de ti
E as maçãs do teu rosto


Passeávamos à beira rio
Conversávamos sem parar
Ainda hoje eu sorriu
De quando te via corar


Não vou esquecer os momentos
Que o tempo não apaga mais
Hoje só restam os lamentos
Mas por eles ainda rogais


Se um dia voltasse atrás
Para recordar o passado
Não sei se seria capaz
De voltar ao tempo andado.



ARIEH  NATSAC


PALAVRAS MAIS DURAS



PALAVRAS MAIS DURAS


Foram palavras mais duras
Foram sinais de amargura
Que me deixaram desolado
Vi que não te conhecia
Tudo aquilo que eu sentia
Mexeu comigo um bocado


Agora penso melhor
E antes que seja pior
Vou parar para pensar
Ver como a vida é travessa
E por vezes a cabeça
Acaba por nos alertar


Houve tanta coisa linda
E havia mais ainda
Dentro do meu coração
Mas foi bem melhor assim
Para ti e para mim
Acabou-se a confusão


Amigos assim ficámos
Em palavras nós selámos
Sem seguirmos mais além
Cada um com seu critério
Acabou o mistério
Sem ferirmos mais ninguém.




ARIEH  NATSAC

SENTIMENTO



SENTIMENTO…


Apesar de estar velhote
Eu não deixei de gostar…
Ser um pouco atrevidote
E sentir-me a renovar

Tens uma beleza invulgar
Que eu à muito já não via
Não julgues que estou a brincar
Foi tão grande a empatia

Sei que és mulher honrada
Mas eu cá não estou cego
Além de mulher casada
Tenho um fraquinho não nego

Apenas pelo que vi
Julgo que já é bastante
Não penses tão mal de mim
Pois não sou nenhum farsante

Espero que não leves a mal
Este grande sentimento
Digo o que sinto afinal
Não me sais do pensamento

Eu sou um homem de bem
Às vezes perco a cabeça
Mas não me impeça ninguém
De dizer o que me apeteça.


ARIEH  NATSAC

NO TEU CANTO ME ENCANTO




NO TEU CANTO ME ENCANTO…


Num canto da minha cidade
Oiço tão lindas melodias
É um canto com seu encanto
Em seu canto de picardias

Canta o rio p´la noite fora
Num intrínseco marulhar
Sobe a noite em cada rua
Cantada p´lo meigo luar

Nas palavras chovem amores
Ao sol à chuva e ao frio
Silêncio tapa de flores
Seu romântico casario

E num canto que ali se perde
Levado nas asas do vento
Desfazem-se lágrimas vazias
As páginas do seu lamento.




ARIEH  NATSAC

AQUELA VELHINHA TASCA



AQUELA VELHINHA TASCA



Naquela velhinha tasca
Onde eu ia almoçar
Num ambiente bem rasca
Onde a vida se descasca
Para se desanuviar


Cansaço do meio dia
A fome que apertava
Era um dia outro dia
Azedumes e agonia
De uma sorte tão madrasta


Na rua fazia-se fila
Tudo esperava p’la vez
Havia sempre um reguila
Que de esperar só refila
Porque a vida assim o fez


Com o petisco na voz
Arroz doce na palavra
Um suspiro bem atroz
Que numa casca de noz
Do seu peito se destrava


Depois com copos a mais
Era grande a chinfrineira
E ao beber sempre mais
Desabafava sem ais
Numa sopa de canseira


Apesar da sua fama
Às vezes mal afamada
Aquela gente reclama
E na tasca se difama
Uma vida agonizada.


ARIEH  NATSAC

AS PALAVRAS QUE NÃO SAEM



AS PALAVRAS QUE NÃO ME SAEM



As palavras que não me saem
São lágrimas que molham o rosto
São como pétalas que caem
Aliviando o meu desgosto

Vejo o teu rosto a toda a hora
Estrela que me alumia o caminho
Agora que te foste embora
Sei que não irei estar sozinho


 Coração me traiu na despedida
Não te disse o último adeus
Com alguns momentos de vida

Apenas vi o teu branco rosto
Gelado, e nas mãos de deus
Mas mãe sabes quanto de ti gosto…



ARIEH  NATSAC


ENCONTREI A SOLIDÃO



ENCONTREI A SOLIDÃO

Hoje achei a solidão, seu caminho é sinuoso
Sangrou o meu coração, num momento monstruoso
Fiquei sem ter reação

Em casa é tudo escuro, oiço o eco da sua voz
Até o ar esconjuro, de uma maneira feroz
Tornei-me um ser mais duro

Partiu quem mais queria, aquela que eu mais amava
Foi tão grande a agonia, que minha raiva não trava
Foi tão triste aquele dia

Sou um triste vagabundo, sem ter onde me amparar
Foi-se tudo num segundo, sinto meu corpo a gelar
Ruiu para sempre o meu mundo

Quando olho para o céu, vejo uma estrela a brilhar
Envolta num doce véu, que por mim fica a olhar
Mesmo nas noites de breu

Estrela tão pequenina, que me segue no além
É ela que me ensina, a minha adorada mãe
Que o meu caminho ilumina.


ARIEH  NATSAC

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

É TÃO FEROZ QUEM DIFAMA



É TÃO FEROZ QUEM DIFAMA



Lava-se roupa tão suja
Água vai na corrente
Como palavra difusa
Que destrói muita gente


É tão feroz quem difama
Quem fala da vida alheia
Vive no mundo da lama
Onde a maldade campeia.



ARIEH  NATSAC