sábado, 24 de setembro de 2011

TUDO SE TRANSFORMA

TUDO SE TRANSFORMA


Sorrisos, abraços beijinhos
Tu para cá e tu para lá
Parecemos todos bonzinhos
Mas só o futuro dirá


Estamos bem são alegrias
Como se trocam galhardetes
A linguagem muda de fonia
Esgrimem-se os floretes


Deus é que tinha razão
O mundo iria ser fel
Há que saber dizer não


Tornar ácido doce mel
Saber estender a mão
Fazer nova torre de Babel.



                                                      ARIEH  NATSAC

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

HAJA PAZ

HAJA PAZ…



São diferentes mas iguais
Seja lá em que matéria for
Não queiram ser uns rivais
Lutem por nós por favor



Há uns que gostam de laranjas
Outros rosas vermelhas em botão
Há cravos que os põem em franjas
Foram o símbolo d’ uma libertação



Há um filósofo de muita lábia
Saltam coelhos de uma cartola
Com uma conversa tão sábia



Num diz que disse mas não faz
Pois andam todos a pedir esmola
Para nos prometerem podre paz.



ARIEH  NATSAC

O MEU RIO

O MEU RIO….


És sentinela desperta
Da minha cidade farol
Sorriso de porta aberta
Onde vejo entrar o sol


Cruzeiro dos meus sentidos
Navegam em campo grande
Amante bem divertido
Que passa sempre adiante


És calçado d’ uma varina
Que te ama loucamente
E lê na tua corrente
O marujo a sua sina
Cantas com qualquer fadista
Num murmúrio de saudade
Não sabes a tua idade
Mas fazes muita conquista


O teu braço forte remou
De postal és um terreiro
Nosso orgulho s’ espraiou
Revisto do teu outeiro



Salpicas com teus desejos
Pões na boca de quem passa
O mais gostoso dos beijos
E num sorriso te abraça.



                                                                       ARIEH  NATSAC

NÃO TENHAS VERGONHA

NÃO TENHAS VERGONHA
(FADO NÃO VENHAS TARDE)


Não tenhas vergonha
Não é caso para isso
Vergonha não é peçonha
Nem jura ou compromisso

Não tenhas vergonha
Pois estás desculpado
Não metas a cara na fronha
E solta aí o teu fado

Sabes tão bem
Que tu nos deste o mote
Agora queremos também
Que mostres o teu dote

Tu és capaz
Disso eu tenho a certeza
Sei que tu és bom rapaz
Faz-nos lá essa fineza

Não tenhas vergonha
Canta um fado à maneira
Cá estamos à tua espera
Isto é uma brincadeira

Não tenhas vergonha
Vamos seguir em frente
Nossos fados são de primeira
Queremos cá muito mais gente

Tu és capaz
Disso eu tenho a certeza
Sei que tu és bom rapaz
Faz-nos lá essa fineza


Sem ironia
E com certa devoção
Quem sabe se qualquer dia
Não vamos à televisão

Como por magia
Iremos ser bem famosos
Não vejo chegar o dia
De nos sentirmos orgulhosos.


ARIEH  NATSAC

O TEU CORPO É PRIMAVERA

O TEU CORPO É PRIMAVERA




Teu corpo é primavera
Minha flor em botão
Pois a mim quem me dera
Colhê-lo na minha mão


Punha-te no meu jardim
No mais lindo canteiro
Queria-te só para mim
A florir o ano inteiro


Serias a mais viçosa
Das flores qu’ eu algum dia
Chamar-te-ia de rosa
Que à virgem eu oferecia


Punha-te no meu altar
Em oração te pedia
Para nunca me faltar
O amor qu’ eu mais queria.



ARIEH  NATSAC

ATÉ QUE A VOZ E A MÃO NOS DOA

ATÉ QUE A VOZ E A MÃO NOS DOA


Neste cantinho do fado
Sinto-me bem motivado
Para uma boa desgarrada
Eu não sei cantar o fado
Mas sinto ter um bocado;
Canção da Pátria amada


Sint’ orgulho e me apraz
Pois mostro que é capaz
Esta gente lusitana
Mesmo sem haver guitarra
O fado tem sempre a garra
E mostra-nos a sua fama


Do Brasil vêm comentários
Com diversos horários
Querem entrar no forró
Fado é dor e é triste
Mas a ele ninguém resiste
E chora sem ser por dó


Vamos lá rapaziada
Numa inspiração afinada
O fado não é só Lisboa
O fado é de todos nós
Até que a nossa voz
A voz e a mão nos doa.


ARIEH  NATSAC

A OUTRA JÁ É PASSADO

A OUTRA JÁ É PASSADO…


A outra já é passado
Mas ficou a cicatriz
Que dói sempre um bocado
Mas agora estou mais feliz

O amor é a confluência
Como dois rios na foz
Não te vou pedir clemência
Mas pensa bem só por nós

Mas olha que eu afinal
Também tenho queixumes
Há um outro para meu mal
Que me veio fazer ciúmes

Se já não há amor-perfeito
Nem quem me dispa com o olhar
Meu coração está desfeito
Mas por ti hei-de lutar

Só tu és minha paixão
Ó deusa dos meus afectos
Não mates meu coração
Não estragues os meus projectos

Quero que sejas amor
Amor das minhas entranhas
Para eu te dar o calor
O calor das minhas castanhas.



ARIEH NATSAC

AGORA PENSA PRIMEIRO


AGORA PENSA PRIMEIRO


Antes de me responderes
Ouvi bater na porta
Pensa aquilo que quiseres
Pois só teu amor me importa

Mais fiquei desiludido
Sem saber o que pensar
Talvez um pouco aturdido
Agora à que recuar

Ciúmes eu!... nunca tive
Nem rancor ou compaixão
Apenas não me contive
Agora peço-te perdão

Não quero que seja o fim
O que está no começo
Tu és tudo para mim
Eu já estou do avesso

A proposta aqui fica
Com este amor esta chama
Não sabes como bem fica
Mais um’ almofada na cama

Agora pensa primeiro
Qu’ eu também fico a pensar
Peço ajuda ao travesseiro
Para ele me aconselhar.

                                                       ARIEH  NATSAC

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

AMOR LOUCO

AMOR LOUCO


Se a tua boca se fecha
P’ra não me dares razão
Sinto no meu peito queixa
No bater do coração

Dessa tua ingratidão
Sinto todo o despeito
Arrepende-te; pede perdão
Pelo mal que me tens feito

Aquilo que se passou
Foi maldade bem o sei
Se algum de nós pecou
Foste tu e mais ninguém

Creio estares arrependida
Mas teu orgulho feroz
Não sabe qual a medida
Do amor que cabe em nós

Tu cabecita louca
Põe de lado essa loucura
Faz com que a tua boca
Se abra em frases de ternura

Olha que o tempo perdido
Às vezes já não se encontra
É como o sol escondido
Não se sabe quando desponta

Se um dia tu voltares
Fá-lo com convicção
Para não te arrependeres
E eu te dar meu coração

Assim podes voltar
Se quiseres aos braços meus
Para eu te perdoar
Com a fé que Deus nos deu.

                                                                  ARIEH  NATSAC


OS GAJOS...

OS GAJOS…
(Musica do fado os putos)


Um pais que vive, na crise
Uma moeda que está, falida
O governo mete, a prise
Para nos dar cabo da vida

Os bancos já estão, falidos
Os pobres cada vez, são mais
Não suportamos, grunhidos
Que para nós são fatais

Querem-nos tirar a pele, à força
Os gajos, os gajos
São como abutres esfomeados, danados
Os gajos os gajos
Mas quando chegam, as eleições
Tornam-se todos uns doces
Com bonitos sermões
E ouvimo-los a falar
D’ um partido novo
São os gajos deste povo
Que nos querem dar a volta


Levam-nos tudo, na frente
Andamos a toque, de caixa
O F.M.I. diz estou, presente
E de lixo nos, rebaixa

Os impostos são muitos, doem
A vontade é maior, que a dor
Andam famintos e roem
O dinheiro sem cor.

Querem-nos tirar a pele, à força
Os gajos, os gajos
São como abutres esfomeados, danados
Os gajos os gajos
Mas quando chegam, as eleições
Tornam-se todos uns doces
Com bonitos sermões
E ouvimo-los a falar
D’ um partido novo
São os gajos deste povo
Que nos querem dar a volta.



ARIEH  NATSAC


TEU CORPO

TEU CORPO….



Corpo rachado vidrado e nu
Delicia de uma manhã intemporal
Bailam teus olhos em jogo cru
Em desalinho de um temporal



Descem tuas mãos como radar
Pára-raios de desejos suspirados
Faíscam teus lábios sem parar
Em linha recta tão descontrolados



Louca com loucura sem passaporte
Fronteira sem um sinal proibido
Marca que aponta o seu mundo



Extasiado sem ter contra forte
Bandeira ao vento sem ter sentido
Forja que s’ abrasou num só segundo.



                             ARIEH  NATSAC


POETA...


POETA

Sentinela das palavras
Qu’ os sentimentos exprime
No papel virgem tu lavras
Pensamentos em tom sublime



Chamam-te assim um poeta
Vádias pelas manhãs
Com a lua fazes-te profeta
De profecias bem sãs


És louco com teu amor
Tens a raiva de cão feroz
Castigas com tal furor

Em criticas como algoz
Tornas-te num sonhador
E vez um rio sem ter foz.



                                  ARIEH  NATSAC


SONETO SEM AS LETRAS F G H Q U

SONETO SEM AS LETRAS F G H Q U

Oriento-me sem ter receio
Vejo-te linda com’ a brisa
Acariciadora sem ter arreios
De cavalos vindos à deriva


Princesa sem coroa nem vestes
Da realeza sem ter o porte
Timidez ao sorriso te deste
Nascida de mal com a sorte


Ordenas sem descer do pedestal
Com a lisonja vindo de cima
Manténs-te serena bela e irreal

Trajando sem versos nem rima
Rimada e bem intemporal
Beijando como rosa… e me anima.



                                                                                     ARIEH  NATSAC

QUERIDO VERÃO...

QUERIDO VERÃO…

O calor vem aí… aperta
O desejo já desperta
Para uma boa acalmia
E com boa companhia
Até o sol se desmaia
Vai-se à praia de manhã
Numa aurora de Romã
Que nos espera de atalaia
Ai como é bom refrescar
Sentindo o prazer do mar
Que nos convida a tomar
Um bom banho
Outro remédio não tenho
Vá lá toca a mergulhar
Depois vem o enxugar
Numa quentinha toalha
Juntamente com a maralha
Que não pára de falar
Mas a goela está seca
E isso é levado da breca
Que até já nos ferve a tola
Que tal uma cervejola?
Com marisco sem ser no prato?
Pois come-se só com a vista
Mesmo na areia onde chispa
Mas dá para retemperar
E aguça-nos o paladar
Numa salada bem mista
Há camarão Africano
Lagosta que vem do leste
Há português todo o ano
Mas petinga só comeste
À noite para variar
Tu vais dar um passeio
P’ra carteira tens de olhar
P’ra ver qual é o recheio
O recheio é bem escasso
Por isso vais p’ro café
Recebes dum amigo um abraço
E juntas-te com a ralé
É assim a nossa vida
É uma vida airada
Às vezes ela é sortida
Com uma boa caldeirada
Com toda a raia miúda
Junta-se a malta no quintal
Parece que saiu a taluda
E enche-se bem o bornal
Cheira a fêvera no vizinho
Sardinha também se assa
Meu Deus é cá um cheirinho
Que a gente até se passa
Mas tudo passa depressa
A moleza vai-se embora
Toca a dar cabo da cabeça
Que o trabalho a devora
Agora olhas p’rás as mãos
Já nem cheira a marisco
Perguntas que horas são
Dizendo raios e corisco.