sábado, 7 de maio de 2016

NOSSA LINGUA



NOSSA LÍNGUA


Ditosa Pátria: não mereces filhos
– Destes – que nos querem pôr à mingua
Minha cara de negro agora tinjo-a
Pois vejo que só somos andarilhos

Fizemos nossa história em duros trilhos
Implantámos no mundo nossa língua
Até no meu país agora finjo-a
E para outros povos empecilhos

Temos de falar cá dentro estrangeiro
Quando algum estrangeiro vem a nós
Mas postas de pescada tu arrotas

Nossa língua ensinada foi primeiro
Pois ela no passado teve voz
Mas hoje apenas somos lambe botas.


ARIEH  NATSAC

segunda-feira, 2 de maio de 2016

PEDANTISMO



PEDANTISMO


Do silêncio não vou ser detetive
Sigo os passos em busca do desejo
Não sou pedante apenas antevejo
Que há muita coisa útil em declive

Não encontro a palavra que adjetive
P’ra mostrar vida árida em cortejo
São bazófias suspensas no varejo
Ao vê-las crescer tanto, não se esquive

Quanta satisfação já prolifera
Ao Deus dará no hábil mundo, fera
Onde vaidade é farsa sem rodeio

E ao cair sujo pano – desmorona –
Sucumbe a fantasia e se abandona
Na fogueira pungente do recheio.


ARIEH  NATSAC



GANÂNCIA



GANÂNCIA


Ganância porque tem ela de haver?
Se cada um só tem o que merece
O futuro não será o que parece
Só Deus sabe o que vai acontecer

Excesso de dinheiro faz tecer
A teia ardilosa que guarnece
A avareza influente que apodrece
Ambição aliada do poder

Da corrupção – embarca muita gente –
Em busca de uma vida não decente
Decência vai perdendo seu limite

Não importam pecados capitais
Elevam modos menos racionais
Até o moderado, sai da elite.


ARIEH NATSAC



MEDO



MEDO


Há quem viva outra vez: com tanto medo
Que se esconde em seu mundo sem falar
Do canto livre está a duvidar
Prefere voltar antes ao degredo

Calado vai andando co’o enredo
Já nem qualquer palavra quer dar
No silêncio profundo quer guardar
A dor que vai ‘scondendo em seu segredo

Liberdade que esteve bem fechada
A sete chaves, foi tão torturada
Cala-se agora quem a conseguiu

O povo anda vivendo das esmolas
Inocentes caminham p’ras degolas
No cepo que o desleixo construiu.


ARIEH  NATSAC