sexta-feira, 25 de maio de 2012

HISTÓRIA E MONUMENTOS


HISTÓRIA E MONUMENTOS



Minho do Bom Jesus e Sameiro
Guimarães com seu castelo
Onde o nosso rei primeiro
Deu ao mundo a conhecê-lo

Trás-os Montes  com antas de granito
Douro Litoral qu’o Douro vê primeiro
Uma beleza que perde no infinito
O mais comum dos forasteiros

Beira Litoral Conímbriga e Batalha
Que em Aljubarrota deu brado
Beira Alta – Viseu sé com sua talha
Catedral da Guarda ou Trancoso acastelado

Beira Baixa de Castelo Branco
Ou da aldeia mais Portuguesa
Monsanto de graça e encanto
Ergue-se com grande beleza

Estremadura que hei-de dizer
Dos castelos e seus mosteiros
Fez nossa história engrandecer
Guiado por D. Afonso o primeiro

Mosteiro dos Jerónimos e Mafra
São obras tão colossais
Do nosso orgulho são safras
Daqueles tempos imortais



Ribatejo de extensas lezírias
E do castelo de Santarém
Nas Portas do Sol admiras
E ficas extasiado no além

Mais um marco importante
Na história de Portugal
Aqui morreu o almirante
Pedro Alvares Cabral

Alto Alentejo tem muita história
Templo de Diana – Palácio do Ducal
Vem-nos trazer à memória
Como bonito é Portugal

Também encontramos encanto
Nas ruínas de Pisões
No Baixo Alentejo há canto
E castelos com seus brasões

Do Algarve demos o salto
Em Sagres o mar estudou
O Infante foi o arauto
Que no mundo nos lançou

Partimos rumo à Madeira
Com muito funcho no monte
E o pico do Areeiro
Que fica mesmo defronte

Açores aves se avistam
Lagoas das sete cidades
São belezas que se registam
Numa história sem idades.


ARIEH  NATSAC

quinta-feira, 24 de maio de 2012

DANCEM COMIGO


DANCEM COMIGO

Dancei no Minho o Malhão
Em Trás-os-Montes a Gota
No Alto Douro fiz um vistão
Com uma Chula marota

Rodopiei na Beira Alta
Dançando o Tareio
Soaram bravos da malta
E tive um prémio no meio

Beira Baixa foi as Saias
A dança que eu dancei
Com camisas de cambraia
No Ribatejo Fandanguei

Sempre sempre dançando
Sem nunca ter um desmaio
Na Estremadura rodopiando
Aos acordes do Verde-gaio

O mais lento está para vir
Alentejo bem calminho
Bem no Alto toca a unir
P’ra bailar o Puladinho

No Baixo do Alentejo
Já sua a testa minha
Mesmo tentado por um beijo
Vou marcando a Marcadinha

Vou despertar as emoções
No Algarve bem quentinho
Até me saltam os tacões
Ao dançar o Corridinho

Atravesso o oceano
Saindo bem de fininho
Chego à Madeira ufano
Deparou-se me um Bailinho

Com tanta dança meu Deus
Minha alma está aflita
Nos Açores bradei aos céus
Ao bailar a Chamarrita

É assim nosso país
P’ra dançar tem ginete
Tem a dança na raiz
É pobre mas alegrete.


ARIEH  NATSAC

GASTRONOMIA COM TODOS


GASTRONOMIA PARA TODOS



BRAGA  rojões, lampreia
VILA REAL  cabrito assado
PORTO  as tripas saboreia
COIMBRA  chanfana ou Javali assado
VISEU  bacalhau à lagareiro
CASTELO BRANCO  bucho recheado
SANTARÉM  caldeirada à fragateiro
LISBOA  das sardinhas e fado
ÉVORA  vai na sopa de cação
BEJA  com as suas migas
FARO  um bom cozido de grão
E tudo o mais são cantigas

FUNCHAL  do milho frito
Com vinhos tradicionais
PONTA DELGADA  arroz de lapas
Por favor não quero mais.


ARIEH  NATSAC

quarta-feira, 23 de maio de 2012

LINHA DO DOURO


LINHA DO DOURO


Pouca terra pouca terra
À beira-rio beira-rio
Lá vamos subindo a serra
Numa beleza de arrepio

Em Ermesinde começa
Em Valongo vai passar
E sem nada que impeça
Este roteiro de pasmar

Depois vem Cete, Penafiel
Caíde e Vila Meã
É como sopa no mel
Nesta paisagem anfitriã

Livração, Marco de Canavezes
Terra de Cármen Miranda
Orgulho dos Portugueses
Que o mundo deixou de banda

O comboio subindo lá vai
Por Juncal e Mosteirô
É um suspiro que se vai
Num presente que Deus deixou

É uma beleza sem ter par
Deslumbre d’encantos vê-los
Rio abaixo sem parar
Passam os barcos rabelos

Aregos Ermida e Rede
Passa o comboio apitar
E nem ele se apercebe
Daquilo que nos está a dar

Eis-nos chegados à Régua
Já passámos por Godim
Numa beleza sem trégua
Que nunca mais terá fim

Tudo isto não são miragens
É a própria realidade
Espelhada nas barragens
Num cenário de liberdade

Régua com seus vinhedos
Bem aos pés do Marão
Mostra-nos os seus segredos
Mas mandam os que lá estão

A viagem assim continua
Sem os olhos despregar
E toda a beleza do Tua
Podemos também desfrutar

Entre rios vales e montes
Passa o Douro serpenteando
Também vejo velhas pontes
Que o vão cumprimentando

Na paisagem que s’esmera
Com amendoeiras em flor
Quando chega a primavera
Ainda tem muito mais cor

Começa o comboio afrouxar
No Pocinho ou na Barca
D’Alva onde vou deixar
As saudades. Antes que parta.


ARIEH  NATSAC

terça-feira, 22 de maio de 2012

JÁ O ESCREVIA PESSOA


JÁ O ESCREVIA PESSOA…


MOTE

O poeta é um fingidor
Já o escrevia Pessoa
Apesar da imensa dor
Poeta não é qualquer p'ssoa

GLOSAS

Faço versos a preceito
Às vezes sem sentir amor
Venho forçar o conceito
O poeta é um fingidor

O amor que eu não sinto
Por mais que a dor me doa
Por vezes não a pressinto
Já o escrevia Pessoa

A rimar há certa rima
O sentimento com amor
Saudade é que ensina
Apesar da imensa dor

Mesmo naquilo que digo
Uma verdade ou à toa
Quem pede é um mendigo
Poeta não é qualquer p'ssoa.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

ROTEIRO DE PORTUGAL


ROTEIRO DE PORTUGAL


MINHO  que é bem verdinho
TRÁS-OS-MONTES  com suas fontes
DOURO LITORAL  do Porto vinho
BEIRA ALTA  com os seus montes
BEIRA LITORAL  dos estudantes
BEIRA BAIXA  das romarias
ESTREMADURA  dos amantes
RIBATEJO  das lezirias
ALTO ALENTEJO  das espigas
BAIXO ALENTEJO  sobreiro
ALGARVE  das raparigas
Deste Portugal soalheiro

MADEIRA  do seu bailinho
Linda com muitas flores
AÇORES  com seu fadinho
Desta ilha dos amores.

CAMPO CHÃO...


CAMPO CHÃO…


Foste o corpo que abracei
Na ramagem dos meus dedos
Quando nos entrelaçamos
Na fúria dos seus desejos
Com poemas em segredos


Primavera dum campo chão
Onde o arado rompe o ventre


Onde cresce flor em botão
Princípio do fim que foi
Tempestade que o sol abriu
Feiticeiro do corpo e dói
Que em crescente floriu.


ARIEH  NATSAC

DEVANEIO


DEVANEIO…


Ó devaneio das minhas quimeras
Que sucumbiram no âmago
Do ímpeto e da volúpia
Que cresce nas entranhas
Desordenadas de arritmia


Metáforas que se escondem
Num abrigo de gemidos doces


Palpitações onde os seres vivos
Mostram o caminho da fome
Milagre das gerações
Que se plantam na órbita
Dum hemisfério que roda
Mas não pára nas estações.


ARIEH  NATSAC

SEDE DE PALAVRAS


SEDE DE PALAVRAS



Foste o desejo de um rio
Que chegou à foz
Sem olhar para trás
No mundo de perpetuas roxas
Que clareiam a rouquidão
Dos ventos sem terem paz


Volta ao ninho sem as penas
Que deixaste no mergulho dos sonhos


Num estio onde o calor
Arrasou as nuvens que partiram
Ávidas de sede de palavras
Num assoalhada sem janelas
Mas onde há uma haste de flor.



ARIEH  NATSAC

QUE VIDA FOI ESTA MINHA


QUE VIDA FOI ESTA A MINHA


Que vida foi esta a minha
Porque é que me espezinha?
Que mal é que eu lhe fiz
Fui andando à procura
De me livrar da tortura
Que me fez tão infeliz

Parecia alma penada
Só queria a madrugada
Risonha para me ofertar
Tudo aquilo que pretendia
Mas às vezes não sabia
Porque andava a penar

Finalmente chegou o dia
Livrou-me desta agonia
Que o meu coração suportou
Coitado já tão desfeito
Foi sangrando no meu peito
Morto morto mas não secou

Tão agreste foi minha vida
Foste tu ó minha querida
Que me fizeste renascer
Foste oásis no deserto
Abriste o caminho certo
Voltei de novo a viver.


domingo, 20 de maio de 2012

MANHÃ DE NEVOEIRO


MANHÃ DE NEVOEIRO


Oiço um cavaleiro andante
Chegando no meio da bruma
Ainda vem bem distante?
Ou não oiço coisa nenhuma

Cavalga d'espada em riste?
Ou será minha imaginação
Mas a pergunta persiste
Será el-rei D. Sebastião?

Nevoeiro não se dissipa
O país está se afundar
Está preso por uma fita
Aos poucos se vai rasgar

Cavaleiro andante aparece
Faz o que não acabaste
Este jardim já fenece
Daquilo que mutilaste

Desejado sempre foste
Alcácer Quibir foi aí
Deixaste a tua hoste
Morrendo longe daqui.



FESTA


FESTA…


Rameiras crianças senhores
Misturam-se em comunhão
Procissão de alguns andores
Que fazem um figurão

Saltam foguetes e copos
Que fazem rezas dos nossos
Sentidos que andam moucos
Secundados por pais vossos

Figurinhas de escarlate
Figurões acastanhados
Sorrisos de alguns quilates
Façanhudos assanhados

Comunhão a uma mesa
Conversas estão descrentes
Palavras de sobre mesa
Que bailam danças diferentes

Acaba a festa no rosto
Nos poros ficam saudades
Do mais bonito sol-posto
Onde não houveram idades.


PINCELADAS


PINCELADAS

Numa tela com letras
Pint’um quadro de pastel
Umas brancas e pretas
E castanhos cor de mel

Aguarelas em guache
Mudam por vezes a cor
Às letras com seu mustache
Ou azuis com muito amor

Pinto letras protestadas
Negras da cor do carvão
Também caras encovadas
Pintadas com solidão

Faço pinturas a óleo
Com letras de várias cores
Obtenho um monopólio
Num rolo de dissabores

Vi um quadro de Maluda
Às janelas de Lisboa
É um traço que nos ajuda
Nos traços por mais que doa

Na pintura vi poesia
Fiz uma pintura rupestre
Palavras em sintonia
De tintas em tom celeste.

ARIEH  NATSAC

sábado, 19 de maio de 2012

ADEUS...


ADEUS…


Adeus minha bela terra
Adeus minha linda gente
Cá vou indo nesta guerra
De maneira descontente

Adeus ó estrela polar
Adeus anel de Saturno
Adeus sistema solar
Onde moro tão soturno

Caem estrelas num corpo
Cometas nos meus cabelos
São astros de pano torto
E em feiras vou vendê-los

Adeus solidão d'outrora
Andorinha que passou
Fez ninho perto da nora
E à nora me deixou

Nesta terra eu me deito
Abraço sempre uma lua
Arranco punhais do peito
E minha cama é sua.


ARIEH  NATSAC

MATA (DE) DOR


MATA (DE) DOR


Fazem-se do chão ermidas
Ombreiras de portas abertas
De madeiras retorcidas
Das árvores já libertas

Tombadas no chão lavado
Por corrente misteriosa
Dum cinismo amarrotado
Por gente tão espinhosa

Uivam os lobos no mato
Galinha de fricassé
Não mata-fome a gato
Na venda do meu tio Zé

Águia que voa a pino
Em donzela que s’acoita
Lê nas corujas destino
Escondido atrás de moita

A misericórdia senhor
Agua-benta que chuva dá
Tolhe madeira o calor
Sem folhas p’ra fazer chá.


ARIEH  NATSAC

sexta-feira, 18 de maio de 2012

LÁ VEM O ZÉ DO TRABALHO


LÁ VEM O ZÉ DO TRABALHO


Lá vem o Zé do trabalho
Com a marmita atrelada
Duma carta sem baralho
Vem da vida embaralhada

Caixa de vidro partido
Reluz na escuridão
Batendo à porta ferido
Como ceara sem pão

Caminha sem ter sapato
Pisando pedra do chão
Come restos sem ter prato
Mesmo que seja no V'rão

Suspira d’olhos cerrados
Silêncio sem ter voz
Com os dedos tão cravados
Na terra de seus avós

Part’a pedra dos desgostos
Vestidos mesmo sem roupa
Vão-se magoas em mostos
Que lhe refrescam a boca.


ARIEH  NATSAC