segunda-feira, 7 de maio de 2012

O SAPATO


O SAPATO

Pisa o chão e não se queixa
Pisa beata que não reza
Anda como se fosse gueixa
E sulca o chão como fresa

Vai de alma sem pecado
Não tem céu nem nevoeiro
Corre mundo em todo o lado
E chega sempre primeiro

Carrega um peso pesado
Dum tronco que não floresce
Nunca se mostra irado
E seu desejo mais cresce

Rompe o rasto numa vida
Vida que vira o mundo
De uma forma aguerrida
P’ra os juntar num segundo

Caminha com a solidão
Pelas ruas da amargura
Do silêncio é escravidão
E cada pedra tortura

Faz turismo sem roteiro
Pelo mundo é levado
Não precisa de dinheiro
E sai sempre aperaltado

Anda à chuva pisa lama
Molha-se sem qualquer queixume
Descansa debaixo da cama
E nunca sente azedume

Foi um coiro que o pariu
Numa fábrica ele foi feito
Em lixeira  se sucumbiu
Roto, rasgado e desfeito.


ARIEH  NATSAC

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