quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

AI QUEM ME DERA SABER

AI QUEM ME DERA SABER…


Ai quem me dera saber
Para poder responder
Às dúvidas do teu olhar
Ter sempre resposta certa
Não ficar de boca aberta
Sem palavras p’ra te dar


Iríamos depois os dois
Em busca de novos sóis
Que nos pudessem queimar
Como queima a esperança
De encontrar a bonança
Para eu me libertar


Seriamos então felizes
Alegres como petizes
Correndo p'la mesma praia
Vendo chegar a aurora
Navegando noite fora
Que na penumbra desmaia.




NA VIDA QUERO ENCONTRAR


NA VIDA QUERO ENCONTRAR…


Na vida quero encontrar
Um dia para eu contar
E poder fazer história
Num campo sem toutinegras
Onde eu impunha as regras
E farei uma dedicatória


Na vida quero encontrar
Um rumo onde ficar
Na maciez dos teus braços
Sentir intensos desejos
Cair na teia de beijos
Esquecer dias madraços


Na vida vou procurar
Sem ir e sem voltar
Por caminhos sem tristeza
Ver os dias em fogachos
Em festas sem ter penachos
Numa subtil riqueza


Na vida vou ser corcel
Alegoria de pincel
Em noites sem ter luar
Sentir no coração o derrame
No meu corpo o teu enxame
Um favo por desbravar.



ARIEH  NATSAC

QUE LINDO NOME...

QUE LINDO NOME…


Que lindo nome Maria
Que tanta luz irradia
E p’la vida nos conduz
És Virgem imaculada
Para sempre idolatrada
Por seres mãe de Jesus


És também a nossa mãe
A todos os filhos queres bem
Neste mundo bem atroz
Eu senhora vos peço
Com todo o meu apreço
Rogai sempre por nós


O povo bem te venera
A paz no mundo se espera
Fosse uma realidade
Dai-nos sempre a tua mão
Faz-nos ver a razão
Com doçura e mais verdade.




AMARGURA


AMARGURA…


Sol que arrefeces os meus dias
Negrume d’um outeiro sem vicio
Onde meus olhos regam um desperdício
Corpo que se arrasta sem mordomias


Pesados meus gemidos sem ter voz
Ai meu coração tão descontente
Onde s’inflama de volúpias sem semente
Caminhando num fatalismo bem atroz


Vejo o longe que auguro bem perto
Sinto a brisa que dilacera o deserto
Aflições que me espicaçam o ser


Clarões qu’iluminam a dor e amargura
Fantasma nas minhas veias trás secura
Rindo de mim e provocando meu padecer.



POEMA EM CALÃO

POEMA EM CALÃO…


                          Lá vai de anzol das bias            
Mandando alguns bitates
O choninhas todos os dias
De pé fresco e dislates

Não se deixa embarcar
De abertos farolins
Com a guitarra a berrar
Hiberna em seus jardins

Não embica com ninguém
Anda sempre com a jolda
É labrosta sem vintém
Na marosca não se tolda

Trás sempre a noiva consigo
Tem olhos envinagrados
Julga-se pantafaçudo amigo
Mas só anda com quadrados

Foge sempre da ramona
Anda sempre a sarquitar
Com a tola numa fona
Uivando para quem lhe falar


Num vaipe de asneiras
Sai xarope de marmeleiro
Depois zarpa das canseiras
Sem ter frio o fogareiro.




O POEMA DAS PEDRAS


O POEMA DAS PEDRAS…


Com sete pedras na mão
Piso as pedras da calçada
Sem estar com uma pedrada
Atiro pedras com a mão

Faço a minha pedra filosofal
Sem ter pedras no sapato
É uma pedra no charco
Que me dá pedra renal

Bebo água de pedras
Sem ter pedra de moinho
De pedra faz-se um caldinho
Sem ter a Idade da pedra

Com umas pedras de sal
Que são pedrinhas tão finas
Chuva de pedras cristalinas
Às do fígado fazem mal

Há também a pedra-ume
Ou a pedra de sabão
Sem pedra no coração
Faiscavam pedras seu lume

Não eram pedras polidas
Talvez pedras lascadas
Eram pedras afiadas
Em pedreiras extraídas.