ALÉM TEJO…
Passo para lá da
minha cidade
Abraçando um rio
em despedida
Rumo ao sul em
calmaria
E flutuo num mar
de espigas
Mesclado de papoilas
Que bailam
Como barquinhos
coloridos
Transportando o
pão
Que o vento
levedou
E a calma o
ferventou
Homens e mulheres
se escondem
Entre os frascais
Ou em mondas de
cantigas
Que mais parecem
um hino
De louvor que só
eles conhecem
Saindo das suas
gargantas
Numa musicalidade
Uma prece
Pedindo à mãe
natureza
Que lhes dê umas
migas
Para um sustento
que dói
Chagas de jornas
Vestimenta de chaparros
Usadas durante
nove anos
Para se voltarem
a despir
E despedir
Daqueles montes
Onde pastoreiam
Os suínos com as
marrãs
Comendo os seus
frutos.
Naqueles feudos
Eles se entregam
À sua terra
Numa refrega de
solidão
Bramindo archotes
de tojo
Que nem o charoco
Mais agreste os
molesta
Nem os castiga
E só lhes mostram
o amor
À terra que é só
sua
E a abraçam
Como um filho
abraça o pai
A quem tanto quer
Apesar do seu
sofrer
Ai Alentejo de
negro vestido
Camisa de
sofrimento
Onde pulsa um coração
sangrando
E num chapéu
guardas a sabedoria
Mesmo que
pachorrenta
Mas onde manténs
A astúcia de um Geraldo
Sem teres pavor…
ARIEH NATSAC
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