LISBOA MATREIRA
Como uma criança
loura
Nascida em
família moura
Cresceu e fez-se
mulher
Arisca mas sempre
bela
Metendo sempre a
colher
Jogando com as
palavras
Sinuosas como
bravatas
Sorrindo num
malmequer
Quando há festas
ou não
Cochicha em cada
janela
Azougada tagarela
P'ra fugir à
solidão
Metendo-se com
quem passa
Ronrona o gato
vadio
O pombo
arrolhando ao frio
O que lhe dá
tanta graça
Há cravos e
sardinheiras
Varandas
bisbilhoteiras
Que dão sempre fé de
tudo
E servem-lhes de
escudo
Pela calada da
noite
P'ra namorarem o
Tejo
Na brisa manda-lhe um beijo
Suave como veludo
Falam de frente
as vizinhas
Da sua e da vida
alheia
Numa linguagem
tão feia
Que lhes dá certo
encanto
Os homens que
vêm do mar
Com voz rouca de
mar'sia
Falam com tanta alegria
Nada os consegue amainar.
Falam com tanta alegria
Nada os consegue amainar.
ARIEH NATSAC
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