segunda-feira, 18 de junho de 2012

LISBOA MATREIRA


LISBOA MATREIRA

Como uma criança loura
Nascida em família moura
Cresceu e fez-se mulher
Arisca mas sempre bela
Metendo sempre a colher
Jogando com as palavras
Sinuosas como bravatas
Sorrindo num malmequer

Quando há festas ou não
Cochicha em cada janela
Azougada tagarela
P'ra fugir à solidão
Metendo-se com quem passa
Ronrona o gato vadio
O pombo arrolhando ao frio
O que lhe dá tanta graça

Há cravos e sardinheiras
Varandas bisbilhoteiras
Que dão sempre fé de tudo
E servem-lhes de escudo
Pela calada da noite
P'ra namorarem o Tejo
Na brisa manda-lhe um beijo
Suave como veludo

Falam de frente as vizinhas
Da sua e da vida alheia
Numa linguagem tão feia
Que lhes dá certo encanto
Os homens que vêm do mar
Com voz rouca de mar'sia
Falam com tanta alegria
Nada os consegue amainar.

ARIEH NATSAC

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