Nasci na grande cidade
Onde o barulho é medonho
Cresci entre campos e hortas
Onde o tempo tem horas mortas
Mas realizei o meu sonho
Andei na grande escola
Onde estudei de mansinho
A filosofia da vida
Que nunca me foi impedida
Para encontrar meu caminho
A idade não perdoou
O trabalho fui ganhando
Entre máquinas e papeis
E tudo que encontreis
Fui com o tempo amealhando
Agora revejo o passado
Nesta humilde moradia
Que tem um pequeno quintal
Onde este simples mortal
Vai vivendo noite e dia
Cavo a terra com o cansaço
Para mais um dia colher
E sinto que a sementeira
Anima a minha canseira
Dando-me forças para viver
Tenho couves e cebolas
Não em grande quantidade
Mas para mim é um regalo
Quando na mão vejo um calo
Esqueço a grande cidade
Árvores também cá tenho
Um santo António também
Para me abençoar o lar
E à noite para me dar
Suas bênçãos e um ámen
Fugi à vida airada
Procurando o sossego
Vendo o crepitar da lenha
Na churrasqueira que tenho
Como é bom este aconchego
Cada brasa que o lume faz
Dá mais sabor à comida
Que já no tacho fumega
E a boa pinga da adega
Vai ser com ela bebida
Vida como esta não há
A saúde não perdoa
O sangue que me corre nas veias
È a chama que se ateia
Na fúria do tempo que voa.
ARIEH NATSAC
Sem comentários:
Enviar um comentário