quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A ESCOVA

Se o Marquês usasse escova
Não seria desterrado para Pombal
Teria a casaca limpa e nova
E seria homenageado em Portugal

Mas não tinha tempo para a usar
Com ela não mostrava o seu valor
Havia muito mais que fazer
Socorrer o país do seu estertor

Se a D. Filipa de Lencastre
Se prendesse a tal adereço
Lá ficaria por desgraça
Mal grado a peste que a matou
A nossa história no começo
E a Enclítica geração
Muito anjinha cor de gesso
E os filhos de D. João
Não seriam os cavaleiros, não
Duma Pátria que hoje mereço

E os grandes marinheiros
Se a tivessem usado
Não seriam os aventureiros
Que enfrentaram o terrível escorbuto
Fazendo o Infante fugir
E de Sagres para sempre sair
Fazendo a nossa desgraça
E o mundo não mostrando a nossa raça

Agora nós bem escovadinhos
Com tudo bem luzidio
Parecemos mais flamejantes
Que as pombas que há no Rossio
Sujando o rei D. Pedro
Que dizem ser um Mexicano
E de raiva tão alto subiu

Agora nós bem escovadinhos
Para tudo ficar bem luzidio
Escovamos
                  Lavamos
                                Limpamos
                                                 Penteamos
                                                                  Sorrimos
                                                                                 Engraxamos
Esfregamos, Ensaboamos e Lixamos
Agora nós bem escovadinhos
Só usando a escova nos safamos.

                                                                    ARIEH  NATSAC




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