sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

NA RUA DO AMOR PERFEITO


NA RUA DO AMOR PERFEITO….


Na rua do amor perfeito
Eu já morei um dia
Agora perdi-lhe o jeito
D’um olhar que me despia

Ventos para longe o levaram
Não sei como o encontrar
Só os restos me ficaram
Velharias para me matar

Agora apareces tu
E fico bem perplexo
Será obra de Belzebu?
Ou vou querer teu amplexo

Se tu vieres por bem
Meu amor podes abrir
Aquilo que mais provém
Do fundo meu sentir

Serás minha flor em botão
Minha folha minha rama
Seremos dois num colchão
Amando na mesma cama.




MINHA PRECE

MINHA PRECE…
(Musica - Fado do Embuçado)

Quero cantar ser alegre
Não importa o mal passado
Se foi longo ou se foi breve
Só quero que o vento o leve
E me deixe com o meu fado


Sou um homem de respeito
Mas também sei respeitar
Vivo a vida com preceito
Desta maneira ao meu jeito
Passo os dias a rimar


Minha rima é variada
                          É história da minha vida
Nunca me esqueço de nada
Nem pode ser ignorada
Por mim ela é bem sentida


Quando um dia vos deixar
Não me chorem com paixão     
Nunca deixem de lembrar
Este amigo que a rimar
Também vos pediu perdão


As minhas penas sofridas
Eu as elevo aos céus
P’ra que elas sejam ouvidas
E em bênçãos floridas
P’la piedade de Deus.


                              ARIEH  NATSAC

MINHA CULPA MINHA CULPA

MINHA MINHA  CULPA..


Venho-vos pedir desculpa
Minha minha minha culpa
Por não vos procurar
Ando em caminhos trocados
Mas não vos tenho ignorado
Sei que me vão desculpar

Sei que isso vai acontecer
Mas eu continuo-vos a ver
Vossos olhos. Porque chorais?
Mas não quero a compaixão
Entrego-me de coração
E a mal isso não levais

Quero-vos com amizade
É minha a sinceridade
Com que vos estou a falar
Se não me responderem
Não me estão a ofender
Nem vos posso criticar.


ARIEH  NATSAC

SE O LUAR É MARINHEIRO


SE O LUAR É MARINHEIRO…


Se o luar é marinheiro
Namora com as sereias
Eu procuro o teu olhar
Em noite de luas-cheias


Navego sem ter navio
À deriva no mar alto
Faço da lua o pavio
O sonho um sobressalto


De aventura em aventura
Em busca do meu desejo
Do teu corpo sinto a ternura
E em cada onda um beijo


Procuro na solidão
Teu olhar meu faroleiro
E vejo-me numa prisão
Se o luar é marinheiro.




SENHORA TÃO FINA

SENHORA TÃO FINA…..



Onde vais senhora tão fina?
Vestindo cheirosos nardos
Figura sem medo qu’ aglutina
Princípios que doem como cardos


Passeias em cavalos de fumo
Sem saberes bem qual a lonjura
Ergues teu mundo feito a prumo
Caminhas hirta em céus de loucura


Na hora do medo e do morcego
Gemes como donzela num orgasmo
Cravas dedos como punhais sem medo


Mordes como lacraus o teu veneno
Em palácio de pragas e sarcasmo
Desfazes-te em chuva com o sereno.



ARIEH  NATSAC

A VELHICE

A VELHICE..
DORES SENTIDAS
(Musica de Porto sentido – Rui Veloso)

Quando chegam os cinquenta
Acaba-se a mocidade
O mal nos atormenta
Tudo vai com a idade

É uma viragem na vida
Começam a vir as dores
A pele mais ressequida
A visita aos doutores

Não pára a medicação
As doenças aparecem
Bate-bate coração
Prazeres se desvanecem

Meus amigos eu vos digo
Não queiram envelhecer
Velhice não é castigo
É um livro com saber

REFRÃO

Ver-nos tão angustiados
A ver o tempo passar
É por vezes complicado
Que até nos faz lembrar

Tudo aquilo que fizemos
Com prazer e alegria
Nesta vida nós deixámos
Com tristeza e nostalgia.

A VIDA É ASSIM


A VIDA É ASSIM
(Musica de Encosta-te a mim – Jorge Palma)

A vida é assim
Já vivemos muitas coisas
A vida é assim
Não quero mais sofrer
A vida é assim
Vou lembrar o teu corpo
Não digas que não gostaste
Do que nós vivemos
No tempo passado

Onde encontrámos um amor, idolatrado
E não foi um sonho
Tu sabe-lo bem
Não esqueças os meus beijos
Guarda-os no coração
Esse mundo risonho

REFRÃO

Eu bem senti
O teu arrependimento
Mas já esqueci, o que foi esse momento
Agora eu sei
O que estás a pensar
Mas não voltarei
A vida é assim

A vida é assim
Tudo começa e acaba
A volta de mim
Vou partir sem te dizer
Novo destino não mentindo quero encontrar
Caminhando mas errando por nova vida

Vou-me afastando
Só te quero é esquecer
Bem distante, e negando sem padecer
A vida é assim
Vai enxugar esse teu pranto
Vai procurar novo caminho, vou ser feliz

Eu bem senti
Todo o teu arrependimento…


ANTEVISÃO


ANTEVISÃO…


Já sinto uma dor aguda no peito
Que me atraiçoa a cada momento
São os sintomas em que me deito
E me tapo com um simples lamento


Já ninguém s’interessa de mim agora
Vou a passos largos rumo ao nada
Sei que brevemente chegará a hora
Solidão que virá sem hora marcada


Luzes que cintilam num luar sereno
Numa noite escura gélida e fria
Estrelas apagadas em céu ameno


Como cinzas do meu corpo cremado
Onde nem uma flor somente havia
Porque houvera? Se em vida fui ignorado.


ARIEH  NATSAC

GLORIA AO PAI..


GLÓRIA AO PAI…


Quem me acode. Quem me acode
Deus pai que estais no céu
Livrai-me d’ angústia que me sacode
E me cega como um negro véu


A cruz que suporto e carrego
Faz-me cair num agreste calvário
Que às vezes até de raiva cego
Na luz que ofusca meu fadário


Louvado seja a quem me confesso
Livrai-me dos meus tristes pecados
Salpico os olhos e neles apresso


A suavizar torturas do passado
Venha até mim seus dons abençoados
Cheio de Glória do Pai tão maltratado…



segunda-feira, 14 de novembro de 2011

FOZ SEM TER CORRENTE


FOZ SEM TER CORRENTE


Navego no mar da palha
Numa canoa de esperança
O luar também me ralha
Como se eu fosse criança


Gaivotas em movimento
Trazem-me o manto do céu
Onde me esqueço um momento
Da estrela que m’ aqueceu


Rumo na solidão perdida
Com as forças d’um desejo
E numa carícia cingida
Teu sorriso eu almejo


Ao rio eu lhe pergunto
Para ouvir a sua voz
Mas ele muda de assunto
E me leva até à foz


A foz sem ter corrente
Mas a ela eu me amarro
Como se fosse o presente
Onde ao futuro me agarro


Penumbra que eu desvendo
Nevoeiro sem ter imagem
Nesta vida que correndo
Mais parece uma miragem.



ARIEH  NATSAC

UMA MARCHA PARA ALCÂNTARA


UMA MARCHA PARA ALCÂNTARA


Alcântara passas brejeira
De mansinho a dar ao pé
Saltas em qualquer fogueira
Mostrando um ar sem ralé

Vais formosa como sempre
Aqui ninguém te segura
Vens dizer a toda a gente
Que não há gente mais pura

Vives junto à beira-mar
Com os pés assentes na terra
Com teus modos de encantar
Passas a vida a cantar
O que a tua beleza encerra

Nem Camões foi esquecido
Tem aqui a sua rua
Neste bairro onde é merecido
E os Lusíadas sempre ouvido
Na boca de qualquer pessoa

Teve a rainha do fado
Dª Amália foi a dilecta
Cantou-o por todo lado
De uma forma bem discreta

Alcântara és um rosário
De penas por desfiar
É tão grande o teu Calvário
Que o foram lá deixar

Vives junto à beira-mar
Com os pés assentes na terra
Com seus modos de encantar
Passas a vida a cantar
O que a tua beleza encerra

Nem Camões foi esquecido
Tem aqui a sua rua
Neste bairro onde é merecido
E os Lusíadas sempre ouvido
Na boca de qualquer pessoa

                                                                                                                             
Tens a ponte sobre ti
E toda a gente que passa
Olha do alto e sorri
Extasiada com a tua graça

Passam para lá do Tejo
Com Santo Amaro a vê-los
Lançando-lhes um terno beijo
Para sempre protegê-los.

                                                                        ARIEH  NATSAC

sábado, 24 de setembro de 2011

TUDO SE TRANSFORMA

TUDO SE TRANSFORMA


Sorrisos, abraços beijinhos
Tu para cá e tu para lá
Parecemos todos bonzinhos
Mas só o futuro dirá


Estamos bem são alegrias
Como se trocam galhardetes
A linguagem muda de fonia
Esgrimem-se os floretes


Deus é que tinha razão
O mundo iria ser fel
Há que saber dizer não


Tornar ácido doce mel
Saber estender a mão
Fazer nova torre de Babel.



                                                      ARIEH  NATSAC

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

HAJA PAZ

HAJA PAZ…



São diferentes mas iguais
Seja lá em que matéria for
Não queiram ser uns rivais
Lutem por nós por favor



Há uns que gostam de laranjas
Outros rosas vermelhas em botão
Há cravos que os põem em franjas
Foram o símbolo d’ uma libertação



Há um filósofo de muita lábia
Saltam coelhos de uma cartola
Com uma conversa tão sábia



Num diz que disse mas não faz
Pois andam todos a pedir esmola
Para nos prometerem podre paz.



ARIEH  NATSAC

O MEU RIO

O MEU RIO….


És sentinela desperta
Da minha cidade farol
Sorriso de porta aberta
Onde vejo entrar o sol


Cruzeiro dos meus sentidos
Navegam em campo grande
Amante bem divertido
Que passa sempre adiante


És calçado d’ uma varina
Que te ama loucamente
E lê na tua corrente
O marujo a sua sina
Cantas com qualquer fadista
Num murmúrio de saudade
Não sabes a tua idade
Mas fazes muita conquista


O teu braço forte remou
De postal és um terreiro
Nosso orgulho s’ espraiou
Revisto do teu outeiro



Salpicas com teus desejos
Pões na boca de quem passa
O mais gostoso dos beijos
E num sorriso te abraça.



                                                                       ARIEH  NATSAC

NÃO TENHAS VERGONHA

NÃO TENHAS VERGONHA
(FADO NÃO VENHAS TARDE)


Não tenhas vergonha
Não é caso para isso
Vergonha não é peçonha
Nem jura ou compromisso

Não tenhas vergonha
Pois estás desculpado
Não metas a cara na fronha
E solta aí o teu fado

Sabes tão bem
Que tu nos deste o mote
Agora queremos também
Que mostres o teu dote

Tu és capaz
Disso eu tenho a certeza
Sei que tu és bom rapaz
Faz-nos lá essa fineza

Não tenhas vergonha
Canta um fado à maneira
Cá estamos à tua espera
Isto é uma brincadeira

Não tenhas vergonha
Vamos seguir em frente
Nossos fados são de primeira
Queremos cá muito mais gente

Tu és capaz
Disso eu tenho a certeza
Sei que tu és bom rapaz
Faz-nos lá essa fineza


Sem ironia
E com certa devoção
Quem sabe se qualquer dia
Não vamos à televisão

Como por magia
Iremos ser bem famosos
Não vejo chegar o dia
De nos sentirmos orgulhosos.


ARIEH  NATSAC

O TEU CORPO É PRIMAVERA

O TEU CORPO É PRIMAVERA




Teu corpo é primavera
Minha flor em botão
Pois a mim quem me dera
Colhê-lo na minha mão


Punha-te no meu jardim
No mais lindo canteiro
Queria-te só para mim
A florir o ano inteiro


Serias a mais viçosa
Das flores qu’ eu algum dia
Chamar-te-ia de rosa
Que à virgem eu oferecia


Punha-te no meu altar
Em oração te pedia
Para nunca me faltar
O amor qu’ eu mais queria.



ARIEH  NATSAC

ATÉ QUE A VOZ E A MÃO NOS DOA

ATÉ QUE A VOZ E A MÃO NOS DOA


Neste cantinho do fado
Sinto-me bem motivado
Para uma boa desgarrada
Eu não sei cantar o fado
Mas sinto ter um bocado;
Canção da Pátria amada


Sint’ orgulho e me apraz
Pois mostro que é capaz
Esta gente lusitana
Mesmo sem haver guitarra
O fado tem sempre a garra
E mostra-nos a sua fama


Do Brasil vêm comentários
Com diversos horários
Querem entrar no forró
Fado é dor e é triste
Mas a ele ninguém resiste
E chora sem ser por dó


Vamos lá rapaziada
Numa inspiração afinada
O fado não é só Lisboa
O fado é de todos nós
Até que a nossa voz
A voz e a mão nos doa.


ARIEH  NATSAC