quarta-feira, 15 de setembro de 2010

NO SILÊNCIO DA NOITE

Sentado na rocha granítica
Que forma a grande muralha
Onde se senta a maralha
Em noites serenas
Olho as ondas pequenas
Que na praia vêm espreitar
As magoas do meu olhar
E nessa maravilha
Vejo outra maravilha
A tua bela imagem
E perco-me nessa miragem
Ouvindo tua voz a chamar
E os teus belos cabelos
Prateados pelo luar
Que não me canso de olhar
E que não posso tê-los
Para os poder afagar.
Mas se eu pudesse acariciá-los
Batendo em minhas faces
Eu poderia prendê-los
Sem enfeites nem enlaces
Mas embebido nesse silêncio
Respiro todo o incenso
Provido de um terno amor
E que tem todo o valor
De uma loucura sincera
De tudo aquilo que era
Somente o nosso real amor
Ah – Mas se eu pudesse também ir
E contigo poder fugir
Para um lugar bem a sós
Onde o eco da nossa voz
Fosse um doce rugir
E onde o nosso amor
Fosse apenas a mensagem
Sem nos faltar a coragem
Para nos fustigar a dor.
Mas tu não vieste
E as ondas se foram
E voltaram sem ter fim
E tu não quiseste
Dar-te um pouco a mim
Aos meus olhos serenos
Onde não há lágrimas
E aos meus lábios
Onde há um sabor salgado
E no meu peito;
Há um coração torturado
Por esse amor incerto
Que está longe
Mas para mim está bem perto
Mas a tua imagem se esconde
E fico sem saber onde
E fico só
E fico triste
Esquecendo tudo o que existe
E que sou feito de pó
Mas nessas ondas prateadas
Que para mim
São tudo e nadas
Murmuram-me o teu amor
O teu doce carinho
Que me fazem esquecer
Este tortuoso caminho
Onde jaz o meu imo profundo
E onde caem pedaços do meu mundo
Que não posso esquecer
Por muito te querer.


                                                                                                           ARIEH NATSAC



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