quarta-feira, 28 de junho de 2023

 

O SEU PASSADO MORREU…

https://www.youtube.com/watch?v=BV7hOkqJYlg

 

Foi um drogado e ladrão

Passou dias na prisão

No seu bairro dava brado

Pois ele era um terror

Dos vizinhos, agressor

Quando estava bem pedrado

 

Durante a noite um inferno

Quer fosse verão ou inverno

Não deixava dormir ninguém

Com moto acelerava

Cima abaixo não parava

Sem ouvir a sua mãe

 

Arruinou os seis pais

Pois dinheiro queria mais

Para sustentar seu vicio

Mas quando estes partiram

Tantas bocas se abriram

Acabou-se o suplicio

 

Um milagre aconteceu?

Como luz vinda do céu

Pois tudo se transformou

Vive com a irmã sem arte

A droga colocou de parte

E o seu passado acabou.

 

ARIEH NATSAC

 

 

MEU REINO DA BICHARADA…

 

No reino da bicharada

Dos animais sou amigo

Mal rompe a madrugada

Vou vê-los ao seu abrigo

 

Tenho galinhas e pata

Todas numa irmandade

Formam uma cantata

Mal veem a claridade

 

Francelina e Francisca

Com o seu Córocco, corococó

Benedita é mais arisca

Quando entra neste forró

 

Já morreu a Francelina

Foi já velha coitadinha

Outra chegou, Carolina,

É uma meiga franguinha

 

Com este reino animal

Eu sinto-me satisfeito

Onde tudo é natural

Dos ovos tiro proveito

 

Também tenho passarada

Canários, periquitos

É uma festa animada

Com as caturras, aos gritos.

 

ARIEH NATSAC

 

 

DEMOCRACIA DECOMPOSTA

 

O Demo é o diabo

E que a alguns contagia

A Cracia é governo

Juntos dá Democracia

 

Democracia em Liberdade

O mesmo ao fim e ao cabo

Tudo em pé de igualdade

É governo do diabo.

 

ARIEH NATSAC

 

 

 

NA TOCA DOS SENTIDOS…

 

P’la janela vazia vê-se a luz

Silhuetas passam seminuas

Um espelho que as mostra em contraluz

E quando a noite desce há só luas

 

Sussurra a escuridão inevitável

Apagam-se as luzes num bocejo

A quietude é feita descartável

Vida a vida se entrega em cada beijo

 

O livro da vida, nascem folhas

Coloridas de um céu as nossas bolhas

No silêncio em corpos desprendidos

 

Num horizontal plano que se agita

Na imensidão onde se grita

Sem cansaço na toca dos sentidos.

 

ARIEH NATSAC

 

 

 

 

 

 

 

LÁGRIMAS DE UMA GUITARRA…

 

https://www.youtube.com/watch?v=DrRlOs-V0_I

 

As Lágrimas de uma guitarra

Nas de Coimbra gravada

Em doze cordas se amarra

Quem pensa na sua amada

 

Seu trinar é mais choroso

Lembra à noite cada dia

Nas margens de um rio saudoso

Com capas de nostalgia

 

Lágrimas são gotas de água

Das represas dos seus olhos

Prenúncio de tantas mágoas

Que lavam tantos escolhos

 

Escolhos são os tormentos

Que em Coimbra vão viver

Que se prendem aos momentos

Que acabam por nos prender.

ARIEH NATSAC

 

 

CARRINHO DE MÃO…

 

Carrinho de mão

Todo feito de madeira

Vez primeira

Fui seguindo um guião

 

Criança querendo ser homem

Com a força limitada

No limite da desordem

Valendo o tudo e o nada

 

Com pedrinhas carreguei

Tantos sorrisos e o vento

Criança assim comecei

Levada num catavento.

 

ARIEH NATSAC

 

ARROZ COMPÔE A MESA…

 

Arroz, quer água nos campos

P’ra vigorar a semente

Gramíneos tem encantos

De alimentar muita gente

 

Arroz doce uma delícia

É um doce divinal

P’ra fazê-lo tem perícia

O melhor em Portugal

 

Arroz bem malandrinho

Gosta dele quem o consome

Come o pai mais o filhinho

Com ele se mata a fome

 

Arroz branco de manteiga

Arroz quer muita água

Sai do campo na taleiga

Incha no tacho de mágoa

 

Diz o pai para o filho

Como falavam avós

Não arranjes mais sarilho

Se não dou-te o arroz

 

Nas festas da nossa aldeia

O arroz tem primazia

Numa mesa bem cheia

Não importa a carestia

 

Arroz veio do oriente

Onde é comido com paus

Espalhou-se p’lo ocidente

E come-se com carapaus

 

Por arroz eu tenho gosto

Quando o vejo reivindico

Ilumina-se me o rosto

Mas não tenho olhos em bico.

 

ARIEH NATSAC

 

 

 

 

GAROTA DA MINHA RUA…

https://www.youtube.com/watch?v=rIPZ7W1sR5w

Fado da Fragata

 

Garota da minha rua

Andas sempre bem vestida

A tua roupa flutua

Junto ao corpo bem cingida

 

Arvoras um ar moderno

Quando passas vais sorrindo

Mas o teu calor interno

É flor que se vai abrindo

 

Contigo ninguém se mete

És azougada e matreira

A tua voz um foguete

De palavras sem fronteira

 

Quando queres és ternurenta

A tua astúcia atua

Deixando de ser cinzenta

Garota da minha rua.

 

ARIEH NATSAC