Tempo seco mato grosso e ressequido
Terra inóspita cheirando a pó bravio
Árvores esperando por um tempo ido
Frutos caindo num chão e ninguém viu
Agua secando na boca e sem sentido
Pássaros em busca de um ninho que sumiu
Passos que pisam a custo o seu orgulho
Lágrimas que regam o seu fatalismo
Secam-se nas eiras o nada com gorgulho
Que o tempo cria e suporta o realismo
E nas arcas nasce a fome e o barulho
De uma razão triste e tão cheia de heroísmo
Tudo muda e a consciência vai também
Atrás de um desengano que não quer mudar
Choram as noras as pedras e mais alguém
E os rios gemem com rãs sempre a coaxar
Numa melodia implorando não sei a quem
Que formigas e cigarras deixem de caminhar
E as mãos curtidas pelo vento e sol agreste
Juntam-se em orações pedindo ajuda
Em penitências orais, cantantes e pedrestes
Olhando os filhos que sentem dor forte e aguda
E pensando sentidamente; que mal já tu fizeste…
E terás de pagar as nossas penas se isto não muda.
ARIEH NATSAC
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