segunda-feira, 30 de março de 2015

POR ENTRE DEDOS ME ESCAPAS



POR ENTRE DEDOS ME ESCAPAS


Por entre dedos me escapas, pergunto-te até quando
Do silêncio tenho capas, faço no tempo meus mapas
Enxugo ao vento meu pranto

Minha vida é andorinha, que rodopia sem parar
Que nas horas se definha, seja à noite ou à tardinha
Vou fazê-la retardar

Vou tentá-la perceber, no imenso desesperado
Imagino o meu bem querer, antes quebrar que torcer
Sem me tornar ignorado

Vivo entre paredes meias, meus suspiros são antanhos
Labirinto de sereias, nobres e plebeias
Vistas dos meus olhos castanhos

Que embalavam quais canções, ditas em janelas brancas
Serenatas de emoções, rosários de predições
Portas de fronteiras francas

Fugazes segredos se foram, esculpidos em pedra dura
Ninguém sabe onde param, até as palavras coraram
Acenam com tanta secura

Perco-me em doce alvor, que nasce à flor da pele
Mas até a mais fina flor, já perdeu o seu fulgor
Seu perfume sabe-me a fel.


ARIEH  NATSAC





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