sexta-feira, 27 de março de 2015

MENINO VADIO



MENINO VÁDIO


Roto e descalço, segue a viagem
Como um assalto, tem na miragem

Olhos cansados, olham a lua
São os soldados, da sua rua

Na boca tem, sabor amargo
De um desdém, maldito trago

Joga à bola, contra o mundo
Que lhe rebola, em cada segundo

Anda ligeiro, de porta em porta
Sem ter braseiro, que o conforta

Pisa a lama, em que arrefece
Na sua cama, onde adormece

Corpo vádio, que anda ao relento
Não sente o frio, nem alimento

Tremem-lhe as mãos, treme-lhe a voz
Com seus irmãos, num bairro atroz

Grande o mistério, por desvendar
Sem ter critério, à que avançar

Tem uma estrela, para o guiar
Qual caravela, onde embarcar

Lá vai sem rumo, pela vida fora
Espalha-se o fumo, que o devora.



ARIEH  NATSAC

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