quinta-feira, 12 de março de 2015

NAQUELA TARDE SOALHEIRA



NAQUELA TARDE SOALHEIRA


Naquela tarde soalheira, ofereci-te uma flor
Apanhei-a sem ter canseira, foi uma prova de amor
Naquela tarde soalheira

Parecias uma andorinha, procurando o teu beiral
Jurei que serias minha, ao poisar no teu portal
Fizemos trinta por uma linha

O sol nos embelezava, fazia-te corar o rosto
Eras como um sol-posto, que no horizonte ficava
Linda paisagem de Agosto

Perdi a infância inteira, correndo a minha distância
Ateando a minha lareira, absorvendo a fragrância
Moendo o trigo na jeira

Minha flor tão viçosa, culpa dos meus pecados
Alegres incontrolados, numa visão tão formosa
Meus delírios inconsolados

Naquela tarde soalheira, teu corpo foi o meu rio
Também foi minha bandeira, desfraldada nesse estio
Debulhado sem ter eira.


ARIEH  NATSAC

Sem comentários:

Enviar um comentário