sexta-feira, 13 de março de 2015

BARCO NEGRO



BARCO NEGRO



Triste aquele mês de Junho, com cheiro a manjerico
Apagaram-se as fogueiras, abriram-se novas clareiras
Em busca do mafarrico

As lágrimas fizeram mar, as mãos se apertaram
Dentro do peito embarcaram, as ilusões incontidas
Que no horizonte remaram

Barco negro que abalou, rumo a destino incerto
Que a solidão afagou, e marejou no deserto
Que lá longe me esperou

As ondas bateram forte, num peito angustiado
Trinados de um triste fado, que se debateu com a morte
E eu tão triste calado

Sol dado para me queimar, numa força sem razão
Batia forte meu coração, no tempo estilhaçado
No mercado da nação

Foram meses até anos, foram gritos e desejos
Loucuras contra a maré, secaram-me a boca de beijos
Até perdemos a fé

Era mais escuro o luar, na sua capa fui envolto
Ondulei no mar revolto, cambaleei sem tombar
Dormi muito a sono solto.



ARIEH  NATSAC

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