BARCO NEGRO
Triste aquele mês
de Junho, com cheiro a manjerico
Apagaram-se as
fogueiras, abriram-se novas clareiras
Em busca do
mafarrico
As lágrimas
fizeram mar, as mãos se apertaram
Dentro do peito
embarcaram, as ilusões incontidas
Que no horizonte
remaram
Barco negro que
abalou, rumo a destino incerto
Que a solidão
afagou, e marejou no deserto
Que lá longe me
esperou
As ondas bateram
forte, num peito angustiado
Trinados de um
triste fado, que se debateu com a morte
E eu tão triste
calado
Sol dado para me
queimar, numa força sem razão
Batia forte meu
coração, no tempo estilhaçado
No mercado da
nação
Foram meses até
anos, foram gritos e desejos
Loucuras contra a
maré, secaram-me a boca de beijos
Até perdemos a fé
Era mais escuro o
luar, na sua capa fui envolto
Ondulei no mar
revolto, cambaleei sem tombar
Dormi muito a
sono solto.
ARIEH NATSAC
Sem comentários:
Enviar um comentário