terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O PÃO É VILÃO DO FUTURO



O PÃO É VILÃO DO FUTURO

Com liberdade burguesa
Fazem-se pic-nic de palavras
Canta-se o hino de uma história cega
Coloniza-se o vento sem padrão
A mãe natureza morre de fome
As últimas sementes de Abril
Foram-se sem cumprir horário
Tudo se enrola como um novelo
Antes parecê-lo que sê-lo
Mas não devia acontecer
Refugiam-se as palavras por dizer
Namoram as canções sem culpa
E finge-se que o gatilho
Desenvolve o esquecimento
Desde Lisboa à solidão
Passa o comboio levando a ilusão
Transportada da casa dos pais
Que vão morrer a namorar ao postigo
Para disfarçar o queixume que foi
Revolta por não poder caminhar
Vê-se a erva no poisio
Vê-se o lodo em vez do cais
Ceifam-se pedras e gravetos
E tanta cicatriz tantos ais
O pão é vilão do futuro
Coveiro das mortes vindouras
Enferrujam-se as foices e as tesouras
Num mapa que está ressequido
Levantem-se os de Ourique
Levantem-se os de Aljubarrota
Venham de novo os Infantes
Apague-se o interruptor da nova história
Sem haver carne para canhão
Faça-se florescer tanta glória
Desarme-se a barraca do presente
Construa-se uma liberdade diferente.


ARIEH  NATSAC

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