domingo, 21 de dezembro de 2014

É UM CORPO DE PENUMBRA



É UM CORPO DE PENUMBRA


Entre a chuva miudinha
Se constrói um atoleiro
Tão depressa se avizinha
Nasce um saco sem bainha
De flores sem ter o cheiro


Sem espasmos de alegria
Há quem vigie de perto
Num horizonte sem dia
Tem por vicio a agonia
De viajar no deserto


É um corpo de penumbra
Que vive ao Deus dará
Nem o luar o deslumbra
Prefere viver na sombra
Que por dentro lá está


É um mistério bastante
Que vive de voz calada
É um cavalo possante
De galope inconstante
Não conhece a madrugada


Numa raiva dura e mansa
Mal possuído e amado
Nem sequer chega a criança
Pois toda a sua esperança
É palavra enjeitada.



ARIEH  NATSAC

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