sábado, 11 de agosto de 2012

O MONSTRO


 dosolnuvens.jpg M.Santos


O MONSTRO

Oito horas da manhã
Lá vem o monstro
Soprando com toda a fúria
Sobre os trilhos de ferro
Vai parando
E nós vamos entrando
Espera apenas uns segundos
E parte novamente
Rompendo a bruma
Da aurora
Nasce assim um novo dia
Quer chova
Ou faça sol
Quer haja tristeza
Ou alegria
Na boca das pessoas
Rompem os bons dias
Em todas as direcções
Há lugares quase marcados
Há outros que vão de pé
Coitados
Há grupos de boa disposição
Chovem as anedotas
E as maldições
Esquecem-se tristezas diárias
E convulsões
Quase não se dá pelo monstro
Que vai rompendo a aurora
Comendo os minutos
Da nova hora
Quando aparece cara nova
É imiscuída no grupo
Caso queira a ele pertencer
Recebemos toda a gente
Somos alegres por natureza
E não queremos connosco
A tristeza
O monstro pára
E tudo acaba
Tudo se levanta
Em busca do novo dia
Duma nova esperança
Começa a debandada
E tudo acaba em nada
Mas amanhã também é dia
E todos à mesma hora
Ou quase todos
Lá estaremos esperando
O monstro
Que vai rompendo auroras
Que começa e acaba
Com os nossos dias
Que nos torna mais velhos
Que não consegue parar o tempo
Apesar de ser monstro
Monstro que mata
Monstro que faz nascer
Amizades puras
Amizades latentes
Monstro de poetas
De estivadores
De analfabetos
E de Doutores
Força bruta
Que dá força à vida
Há nele o sol
Há nele a chuva
Há nele o sangue
A doença
A pobreza
A riqueza
Monstro sem nada
Que leva tudo
Que traz tudo
Mas não sabe nada.


                                                                     ARIEH  NATSAC

Sem comentários:

Enviar um comentário