A
NOÇÃO EXATA DO MEU SER
Escrevo
a qualquer hora do dia
Penso
naquilo que vou escrever
Faço
no papel o meu resumo
Olho
as letras como se fossem fumo
De
um cigarro que não fumo
De
quando em vez vou à janela
Vejo
o quintal florido
O
cão ladra espavorido
Ao
ver um gato sentinela
Esperando
a sua presa
Penso
que tenho história
Guardo
tudo em memória
Para
no papel contar
O
crepúsculo está a chegar
Como
passou este dia
Pensei
que ainda era meio dia
Mas
já aí vem a lua que é cheia
As
palavras de volta e meia
Fervilham
na minha mente
Meu
Deus como é indecente
Ainda
nada escrevi
Uma
ideia aqui outra ali
Que
agitada confusão
Fazem
carícias à imaginação
A
catástrofe dos meus poemas
Solto
um grito
Solto
a agonia
Solto
a língua
Solto
a ironia
Na
minha nudez absoluta
Comigo
travo árdua luta
Começo
então a escrever
Num
momento intemporal
Sem
subterfúgios
Com
verdade com mentira
A
noção exata do meu ser.
ARIEH NATSAC
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