domingo, 3 de outubro de 2010

REGRESSO AO PASSADO

Figuinhos de capa routa
Aqui. Quem quer almoçar
Andavam de boca em boca
Em Lisboa a namorar

E os galegos aguadeiros
Com suas bilhas às costas
Eram turistas aventureiros
Servindo senhoras bem postas

Fava-rica comida do povo
Logo servida pela manhã
Despertando um dia novo
Muito sadio e louçã

Quem à Baixa se deslocava
Para tratar da sua vida
Bacalhau à posta encontrava
Em mercearia. Para ser vendida

Assim se tinha almoço
Quando se chegava a casa
Feito sem grande alvoroço
Cozido ou mesmo na brasa

Onde havia as mercearias
Há bancos e restaurantes
Perderam-se as iguarias
Outros tempos bem distantes

Já não se vêem passar
Os eléctricos destapados
Onde se ia passear
Bem chiques e repimpados

E os negros carvoeiros
Que quase tudo vendiam
Eram eles os fogareiros
Que nossos lares aqueciam

Chineses já cá haviam
Alguns com muita lata
E seus produtos vendiam
Quem quele bonita glabata.

Aos domingos para variar
Uma sessão de amor ou molho
Ia tudo cinematar
Ao bem velhinho Piolho
E assim o tempo morria
De uma forma bem resoluta
E para comemorar um evento
Retratava-se à lá minuta.




                                                                               ARIEH  NATSAC







1 comentário:

  1. Bons tempos. Hoje tudo mudou, algumas coisas estão melhor, mas outras....
    Saudades dos pregões e das varinas de canastra à cabeça...
    O poema está lindo e tem o previlégio de nos fazer recordar outros tempos.
    Beijo
    Antonieta

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