AS
PORTAS DO SILÊNCIO
As
portas do silêncio
Fecham-se
na madrugada
Onde
não cheira a incenso
Esvoaça
como um lenço
Na
hora duma largada
Há
cantos adormecidos
Onde
só se ouve um cão
Entre
gritos e latidos
Perdem-se
os sentidos
Que
ferem o coração
Batem
dentes castanholas
Imagens
tão desfocadas
Passam
na rua estarolas
Têm
nas mãos as esmolas
Com
luvas esburacadas
Correm
as ruas do vento
Comem
a sopa da míngua
Vestem-se
com o sofrimento
São
os amigos do tempo
Com
o tempo dão à língua
Numa
doutrina cinzenta
Suspiros
de solidão
Não
têm água benta
É
a brisa que os alenta
Quando
consigo estão
O
granizo é uma bala
Que
lhes fere a carne nua
Batem
ao luar uma pala
Que
também com eles fala
Numa
linguagem tão crua.
ARIEH NATSAC
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