O
PÃO É VILÃO DO FUTURO
Com
liberdade burguesa
Fazem-se
pic-nic de palavras
Canta-se
o hino de uma história cega
Coloniza-se
o vento sem padrão
A
mãe natureza morre de fome
As
últimas sementes de Abril
Foram-se
sem cumprir horário
Tudo
se enrola como um novelo
Antes
parecê-lo que sê-lo
Mas
não devia acontecer
Refugiam-se
as palavras por dizer
Namoram
as canções sem culpa
E
finge-se que o gatilho
Desenvolve
o esquecimento
Desde
Lisboa à solidão
Passa
o comboio levando a ilusão
Transportada
da casa dos pais
Que
vão morrer a namorar ao postigo
Para
disfarçar o queixume que foi
Revolta
por não poder caminhar
Vê-se
a erva no poisio
Vê-se
o lodo em vez do cais
Ceifam-se
pedras e gravetos
E
tanta cicatriz tantos ais
O
pão é vilão do futuro
Coveiro
das mortes vindouras
Enferrujam-se
as foices e as tesouras
Num
mapa que está ressequido
Levantem-se
os de Ourique
Levantem-se
os de Aljubarrota
Venham
de novo os Infantes
Apague-se
o interruptor da nova história
Sem
haver carne para canhão
Faça-se
florescer tanta glória
Desarme-se
a barraca do presente
Construa-se
uma liberdade diferente.
ARIEH NATSAC
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