O SAPATO
Pisa o chão e não
se queixa
Pisa beata que
não reza
Anda como se
fosse gueixa
E sulca o chão
como fresa
Vai de alma sem
pecado
Não tem céu nem
nevoeiro
Corre mundo em
todo o lado
E chega sempre
primeiro
Carrega um peso
pesado
Dum tronco que não
floresce
Nunca se mostra
irado
E seu desejo mais
cresce
Rompe o rasto
numa vida
Vida que vira o
mundo
De uma forma
aguerrida
P’ra os juntar
num segundo
Caminha com a
solidão
Pelas ruas da
amargura
Do silêncio é
escravidão
E cada pedra tortura
Faz turismo sem
roteiro
Pelo mundo é
levado
Não precisa de
dinheiro
E sai sempre
aperaltado
Anda à chuva pisa
lama
Molha-se sem qualquer
queixume
Descansa debaixo
da cama
E nunca sente
azedume
Foi um coiro que
o pariu
Numa fábrica ele
foi feito
Em lixeira
se sucumbiu
Roto, rasgado e
desfeito.
ARIEH NATSAC
Original,
ResponderEliminarBeijinhos