DE MARCENEIRO ATÉ AO FADO
Alfredo Rodrigo Duarte
Desde 1891
Do fado foi baluarte
Só houve ele e mais nenhum
Nasceu em Santa Isabel
Freguesia de Lisboa
Sua voz sabia a mel
Para nós ainda entoa
Marceneiro era vaidoso
Poucos tratava por tu
Do fado foi virtuoso
Por alcunha era o Lu Lu
P’la mão de um tal Janota *
Fadista improvisador
Nessa altura já denota
Um dote p’ra ser cantor
De fado…com devoção
Em festa no S. Luís
Foi de prata a distinção
E fê-lo muito feliz
Sua arte marceneiro
Na Cuf móveis fazia
P’ra navios no estaleiro
Mas seu tempo dividia
Com o fado grande paixão
Começando sem abuso
Mas teve a consagração
Rei do fado em café Luso
Obteve grandes sucessos
Primeiro co’a mariquinhas
A casa com seus excessos
Das janelas com tabuinhas
Foi de Viela em viela
Mocita dos caracóis
Apaixonou-se por ela
Foram felizes os dois
Se amor é água que corre
É como um fado bailado
Nas veias em nós corre
Como sendo o nosso fado
Como me lembro de ti
Numa tasca sem vintém
– Bêbedo pintou ouvi –
Encontrou amor de mãe
Menina lá do mirante
Cantada com sentimento
Expresso no seu semblante
Como é belo esse momento
Muitos fados nos cantou
Até sua despedida
Muitas saudades deixou:
Fados que cantou em vida
De lenço sempre ao pescoço
Com óculos e um cigarro
Sua pose era um colosso
Sendo um fadista bizarro
Tio Alfredo conhecido
Na arte de cantar fado
Mérito reconhecido
Quando foi agraciado
Pena não ter sido em vida
Só morto se tem valor
Minha homenagem sentida
Ao rei do fado, o maior.
ARIEH
NATSAC
*
Júlio Janota fadista que o lançou no fado.
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