DE LISBOA ATÉ AO CABO…
Como te admiro Lisboa
Do alto do teu castelo
Aonde o sol te atordoa
Neste cenário tão belo
Desces vaidosa e ladina
Num andar que não ilude
E a Mouraria fascina
Com a senhora da saúde
E aqui mesmo em oração
Onde o fado é sempre vicio
Na rua do Capelão
Nasceu Fernando Maurício
Seguindo o teu ritual
Na calçada Portuguesa
Onde o Marquês de Pombal
Te alindou com mais nobreza
De amarelo ia ligeiro
Um elétrico atrelado
Onde o comum passageiro
Andava por todo o lado
Alegria não te falta
Mesmo no escuro basalto
Anda e desanda a malta
P’las noites do bairro alto
Onde Camões e Pessoa
Não deixam de ser lembrados
Sua mística ecoa
Entre graçolas e fados
E o lisboeta sussurra
Entre as vielas de Alfama
Com muitos copos e surra
Muita gente se difama
Passo largo, co’a maré
Tem no Tejo um aliado
Cacilheiro leva o Zé
De Lisboa ao outro lado
Quando a noite desfalece
Acorda-se com um café
E muita gente aparece
Nas docas do Cais do Sodré
O dia acorda risonho
Co’o cheiro da maresia
Misturada com medronho
Que serve de anestesia
O bulício vem depois
O barulho dos motores
Onde puxam dos galões
Meliantes e doutores
Mas a cidade se espraia
No meio do sol ou bruma
Tanta calça tanta saia
Que desliza como espuma
Sob a terra ou mesmo em cima
Lá começa o desafio
Cada hora é uma rima
Cada passo um arrepio
Aparece quem trabalha
O que vai sendo tão raro
Desespero se amortalha
Porque o pão está mais caro
Cada vez há mais pedintes
Que não querem fazer nada
Já não fumam os três vintes
Preferem outra pedrada
Por uma linha se desce
Vê-se beleza sem par
No verão mais apetece
Essa mesmo desfrutar
Vem Belém lembrar história
Época dos descobrimentos
É o nosso orgulho e glória
Expressa com monumentos
O encanto ainda é maior
Di-lo cético turista
Pois o mar e o seu calor
E a perícia do surfista
Carcavelos e a Parede
S. Pedro mais Tamariz
Deitar ao sol – tudo pede –
Faz muita gente feliz
Do bronze segue-se a noite
Cascais é um mar de gente
Doce brisa é seu acoite
Com um luar diferente
Dois passos mais adiante
Está a boca do inferno
Onde o mar é provocante
Co’a sua fúria de inverno
Seguindo p’la estrada fora
Vê-se a imensidão do mar
Que desbravamos outrora
Para mais longe chegar
Se o vento vem do norte
Faz da estrada um areal
Temos então pouca sorte
Levantou-se um temporal
Tudo tem sua beleza
Sem se conseguir passar
O vento montou a mesa
Com areia pelo ar
Pelos Oitavos ficamos
Onde Hildebrand encalhou
Hoje ainda nos lembramos
P’ra onde o mar o levou
Entre rochas e areais
Estas belezas eu “pincho”
Por serem tão naturais
Marinha, Abano e Guincho
Cada uma é diferente
Entre o mar e os pinhais
Mas aqui seja prudente
Porque as ondas são fatais
Foi aqui neste caminho
A quem o Camões chamou
O mais ocidental cantinho
Do Portugal que cantou
Cabo da Roca mostrou:
Finda a terra o mar começa
Um povo se aventurou
Tendo mundos na cabeça
Aqui findo esta viagem
Toda a beleza nos toca
Desfrutando esta paisagem:
Lisboa ao Cabo da Roca.
ARIEH
NATSAC
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