quarta-feira, 30 de março de 2011

A FORÇA DA TRADIÇÃO

A FORÇA DA TRADIÇÃO


Santo António és o primeiro
Dos três santos populares
És o santo casamenteiro
Qu'alegra os nossos lares

Tens tal fama no teu dia
Que toda a bela cachopa
Só pensa com alegria
Em queimar uma alcachofra

Santo António Santo António
Dá me um arco e um balão
Santo António Santo António
Vem prender meu coração

Santo António Santo António
Vem saltar uma fogueira
Santo António Santo António
Vem brincar a noite inteira

Rapazes e raparigas
Dancem e cantem sem parar
As vossas belas cantigas
Para toda a gente alegrar

Cada marcha que aqui passa
É um bairro e um pregão
Que enfeita e dá graça
E mais força à tradição

Santo António Santo António
Dá-me um arco e um balão
Santo António Santo António
Vem prender meu coração

Santo António Santo António
Vem saltar uma fogueira
Santo António Santo António
Vem brincar a noite inteira

Esta Lisboa velhinha
Que de ti se enamorou
Fizeste dela a rainha
Que o povo acarinhou

Vosso par ficou eterno
E durante o mês de Junho
Renasce um amor mais terno
Nessas noites como um sonho


                                                                               ARIEH NATSAC


A INFLUÊNCIA DOS NÚMEROS

INFLUÊNCIA DOS NÚMEROS




Um mais um fazem dois
Mas de quando em vez
Acontece que depois
Acabam por serem três


E depois da brincadeira
Desse irreflectido acto
Resolves em bebedeira
E já nem fazes um, quatro


Depois vem a confusão
E fazes por estar afoito
Se não aceitas a solução
Tu ficas feito num oito


Nunca mais tens parança
E já nada te demove
É só ver encher a pança
E tu vais andar a Nove.


Mas no fim é uma festa:
Sem troféus de oiro ou bronze
E se não assumes; - na testa
Fica-te marcado um, onze


Depois dizes que foi azar
E mesmo que ainda rezes
Acabas por confirmar
Que foi mesmo um dia treze.


Tua vida é um demónio
E zás, catrapus, pum
Já nem Santo António
Te livra desse trinta e um.


                                                                            ARIEH NATSAC





OS BURROS

OS BURROS


De burros
Está o mundo cheio
Pois esses coitados
São os servos
Das bestas humanas
Com os seus coices
Com os seus zurros
Estridentes
Desabafam
Perante o mal
Quando fustigados
Por chicotes
Que lhes dilaceram
A carne
No mundo dos homens
Os burros abundam
Os seus coices
Fazem feridas
Incuráveis
Os seus zurros
São sirenes
Que revoltam
Mais deve o homem ao burro
Do que a sociedade
Às bestas humanas….
                                     Já é tempo de honrarmos os burros.

ARIEH  NATSAC


                                                               










LUA MULHER


LUA MULHER…




Vi-te em lua cheia
Mulher
Olhei-te mulher
Lua Nova
Amei-te
Em Quarto-Crescente
E em Quarto-Minguante
Se aprova
Foste o luar
Dos meus sonhos
Palavras por inventar
Entrega
Dos meus desejos
A fome que eu matei
Em Quarto-Crescente
Corpo quente
De Lua Nova
Em Quarto-Minguante
Ficou a semente
Que com o tempo
Se renova
E a minha chama
Se ateia
E se incendeia
Em noites
De Lua Cheia.



                                                                        ARIEH  NATSAC



PASSARAM POR MIM OS ANOS

PASSARAM POR MIM OS ANOS…



Passaram por mim os anos
Deixando as horas marcadas
Foram ondas foram pragas
Martírios fizeram danos


Subi a escada sinuosa da vida
Tropecei cai e me levantei
Fui romagem de crente que orei
Sem saber se a prece foi ouvida


Estou chegando ao fim do nada
Olho para trás e tudo lá ficou
Sem saber qual será a paga


Cumprindo um fado que desfila
Num descanso aqui a onde estou
E só a saudade fico a ouvi-la.


                                                                 ARIEH  NATSAC

terça-feira, 29 de março de 2011

A FRUTEIRA DA VIDA

A FRUTEIRA DA VIDA…




Já escrevi muitos poemas
Rasguei uns e outros não
Dos mais variados temas
Que me inspirou o coração

Aqueles que eu rasguei
São fúrias de momento
Versos que amaldiçoei
Caindo no esquecimento

Os outros por cá ficaram
Quero cantá-los um dia
Retalhos que marcaram
Minhas dores e alegrias

E assim eu vou cantando
Minha vida que passei
São frutos que vou colhendo
Num pomar que bem plantei

Há fruta que é tão amarga
São ilusões ressentidas
A outra talvez se traga
Na fruteira de uma vida.



                                                                         ARIEH  NATSAC

segunda-feira, 28 de março de 2011

SAMBA DA GATA E DO GATO

SAMBA DA GATA E DO GATO



Miau, miau, miau
Ai faz o gato
Quando vê um carapau

Menina vai menina vem
Faz como o gato
Quando não tem ninguém

O gato salta vai no telhado
Menina anda
Procurando namorado

Miau, miau, miau
Ai faz o gato
Quando vê um carapau

Menina vai menina vem
Faz como gato
Quando não tem ninguém

O gato mia e caça rato
Menina brinca
Tira roupa e sapato
De rua em rua vão caminhando
E só na noite
Seus desejos vão matando

Miau, miau, miau
Ai faz o gato
Quando vê um carapau

Menina vai menina vem
Faz como o gato
Quando não tem ninguém.


                                                                          ARIEH NATSAC


MINHA MÃE

MINHA MÃE




Mãe. Não sei o que fazer por ti
A esse teu corpo tão aleijado
Sinto-me tão mal mas estou aqui
Estarei sempre ao teu lado



Quantas horas passas a sofrer
São tantos os anos já torturados
Não sei como ainda consegues viver
Mas alentas meus dias amargurados


Peço a Deus por ti no meu rezar
Não sei se ele me ouve? – Ou não
Mas juro-te eu vou continuar...


No meu penar me refugio
Com todas as forças da razão
E ver-te sorrir… meu peito abriu.



                                                                          ARIEH NATSAC


domingo, 27 de março de 2011

SAUDADES

SAUDADES



Saudade é tempo ido
Felicidade está ausente
Desamor é um castigo
Do amor que se não sente


Foi-se o desejo e a loucura
Ficou a tristeza e a dor
O tempo é a minha factura
Que dá resto sem valor


São retalhos de uma vida
Folguedos da mocidade
Passada mas não sentida


Fulgores da pouca idade
Que agora vai de fugida
Com rumo à eternidade.


                                                            ARIEH  NATSAC

O MEU SOTÃO

O MEU SOTÃO


Mora lá vasta saudade
Dos meus tempos de criança
Tudo esqueceu com a idade
Hoje resta só lembrança


Sabedoria recolhi
Em livros que maltratei
Ao vê-los o tempo sorri
Das saudades que deixei


Naquele velhinho sótão…
Há colecções e passado
Sementes que inda brotam


Quando o lá vou visitar
Nesse tempo: - ignorado
Tesoiros vou consultar.


                                                              ARIEH  NATSAC



SENTI...

SENTI…



Senti qu’a vida se desmoronava
E só eu amava sem ter dó
Senti grande pesadelo
E vou temê-lo
E acabar tão só


Senti que o teu olhar
Me dá que pensar sem ter razão
Senti grande nostalgia
Que me alumia
Ó que aflição


Senti que o meu desejo
Foi aquele beijo que se perdeu
Senti que tudo o resto
Foi um protesto
Que não morreu


Senti um sentimento
Que foi lamento
E que aconteceu.



                                                                         ARIEH  NATSAC



QUE ANO NOS ESPERA ?...

QUE ANO NOS ESPERA…?



Bom dia a Vossa Excelência
Que tal são as vossas ideias?
Quero pedir-vos clemência
E não nos traga mais peias


Seu pai que Deus o levou
Não deixou grandes saudades
Nosso destino bem marcou
Sem prazeres nem veleidades


Sei que o futuro é sombrio
Mais torturas iremos passar
Há gente ao sol e com frio


No caminho que vamos trilhar
Anda tudo em constante desvario…
…2011. Faz-nos ao menos sonhar.


                                                                      ARIEH  NATSAC



AO CÃO BESUNTA...

AO CÃO BESUNTA

(Companheiro das noites em Timor)



Deitado estás de olhar tão doce
Com a cabeça metida nas pernas
Dianteiras esperando o que fosse
E assim tão bem te governas


Gorducho e tão bem luzidio
Melhor vida não podias ter
Por manteiga és um desvario
Que até dás gosto ver comer


Besunta: - teu pomposo nome
E como ele te vais lambendo
Satisfeito. Agradeces e tudo comes


De cão sua vida é bem regrada
Mas és um guarda bem querendo
E à noite sentinela és atinada.

                                                                ARIEH  NATSAC



MULHERES ETERNAS

MULHERES ETERNAS


Mulheres do meu jardim sem tempo
Rosas com espinhos que desfolhei
Suaves eternas foram o alento
Das minhas desventuras que curei


Cânticos de melodias tão suaves
Que guardo em relicário no meu peito
Vão e voltam como se fossem aves
No meu hemisfério já bem desfeito


Estendo-lhes a mão. E um sorriso
Vem beijar-me a minha rugosa face
Julgo que encontrei novo paraíso…


Musas soletrando os meus poemas
Então sinto que se dá novo enlace
Orgulhando-me de ter escrito belos temas.


                                                               ARIEH  NATSAC

QUE MUDANÇA...

QUE MUDANÇA…



Menina tão doce e que pureza…
Respeita dias santos e guarda
Enganadora tão sublime beleza
E quando o sol se põe tudo arde


Recolhe-se no quarto bem cedo
Muda-se o visual e a pagela
De cândida liberta o segredo
Saindo de mansinho p’la janela


Ar puro refresca-lhe os sentidos
Tudo muda em delicado porte
A noite é o seu melhor amigo


De devaneios nunca antes sonhados
Torna-se rainha com grande corte
Entrega-se em amores incontrolados.


                                                               ARIEH  NATSAC





O BEM DITO AMOR


O BEM DITO AMOR


Amor é aquela bendita onda
Que tão divinamente nos circunda

Amor é como o luar da lua
Que vai e volta e não amua

Amor é como ondulação de barco
O sentimento mutuo que eu abarco

Amor pode ser tamanha dor
Que eu pressinto e já sei de cor

Amor é ódio e maldição
É o comando do coração

Amor é fúria e um só desejo
Que resplandece em cada beijo

Amor é o porto onde me refugio
O teu corpo ávido que acaricio

Amor são suspiros batidos e sexo
O milagre a fantasia num amplexo

Mas o amor são tantas coisas mais
Que as devemos aos nossos amados pais.


                                                             ARIEH  NATSAC



UMA MARCHA PARA LISBOA

 UMA MARCHA PARA LISBOA



Tem Lisboa o seu encanto
Feito de céu e de mar
Tem no fado o seu pranto
De lágrimas no seu trinar


Corre nas vozes mais belas
Dos poetas ou dos cantores
Suas frases são aguarelas
Que espelham os seus amores


Ai Lisboa
És a nossa princesa
Ai Lisboa
És um grito de varina
Ai Lisboa
Foste a nossa defesa
Ai Lisboa
Ai Lisboa
Tu és menina tão fina


Tu andas por todo o lado
Na boca com teu pregão
O Tejo é o teu namorado
Que te dá seu coração


Passas risonha e feliz
Travessa e muito airosa
É o povo quem o diz
Na sua mais bela prosa.

                                                          ARIEH NATSAC

MARGINALIZANDO

MARGINALIZANDO


Passo na marginal
Sem ser marginalizado
Margino-me num dia
Sem temporal
Mas sinto-me intemporal
Nas horas que ao mar
Já dei…
Sabendo que os seus Deuses
E as suas ninfas
Bailam em sintonia
Num marulhar
Onde o sol dá o seu brilho
E as gaivotas são surfistas
Que deslizam
Qual maestro
Bramindo sua batuta
Sem pauta
Por saberem a musica de cor.
Perante tanta cor
Tanta sinfonia
Sinto-me mais vivo
Com mais alegria
Na marginal
Vejo o começo
E o fim de dias
Vejo a marcha compacta
De veículos acelerados
Ou em passeios descontraídos
Vejo o tempo passado
Mas não ido
Porque o tempo fica
E nós passamos por ele
Em busca do nada
Que para nós é muito
AH como é ruim a cegueira
Daqueles que não querem ver.
Mas aqui na marginal
Há quem veja até o fim
Em horas sôfregas
De labuta constante.
Mas há corpos coloridos
E banhados pelo sol
Com roupas garridas
E aí….
Sinto a vida
Sinto o espaço
Sinto a mistura
De um beijo…
…E de um abraço.


                                                                       ARIEH  NATSAC




A PEDRADA FATAL

A PEDRADA FATAL



Sabemos o que eles querem
É manterem-se no poleiro
Sacar o nosso dinheiro
De uma maneira qualquer
A subirem os impostos
Para pagarmos a crise
Ao mais pequeno deslize
De uma maneira tão astuta
E o povo que tanto luta
Continua a protestar
Mas vai sempre votar
Por um aperto de mão

Sabemos o que eles querem
Passeios banquetes televisão
Ter o povo em sua mão
Debaixo da sua alçada
Lamúrias não valem nada
Está tudo controlado
E tudo mais que enganado
E a culpa é da recessão!

Sabemos o que eles querem
A fama o proveito e o dinheiro
Ter férias o ano inteiro
Nem que seja no Algarve
Beberem que nem alarve
Irem todos para a Europa
Comandarem a nossa tropa
Mandá-la para o Afeganistão
Serem os donos dos bancos
Levarem-nos em seus cantos
E tratarem-nos como cão
Que o povo assim o merece
F.M.I. e outros tais
São os nossos vendavais
Aquilo que nos entontece
Com falta de capitais
Futebol e procissões
Desfiles nas avenidas
Greves mal conseguidas
Com policias e confusões
Que só nos vêm tramar
Mais cedo ou mais tarde
E sem muito alarde
Pois tudo vamos pagar.
Sabemos o que eles querem
Mas tudo acaba na vida
E quando menos se espera
Saltam à vista os podres
Mas têm sempre a guarida
Que é a capa dos pobres.


                                           LÁ LALARI LÁ LARI LÁ………..


                                                                                    ARIEH  NATSAC