FOZ SEM TER CORRENTE
Navego no mar da palha
Numa canoa de esperança
O luar também me ralha
Como se eu fosse criança
Gaivotas em movimento
Trazem-me o manto do céu
Onde me esqueço um momento
Da estrela que m’ aqueceu
Rumo na solidão perdida
Com as forças d’um desejo
E numa carícia cingida
Teu sorriso eu almejo
Ao rio eu lhe pergunto
Para ouvir a sua voz
Mas ele muda de assunto
E me leva até à foz
A foz sem ter corrente
Mas a ela eu me amarro
Como se fosse o presente
Onde ao futuro me agarro
Penumbra que eu desvendo
Nevoeiro sem ter imagem
Nesta vida que correndo
Mais parece uma miragem.
ARIEH NATSAC